Há talvez uma vintena de anos, três evadiram-se. Os distantes horizontes não os seduziram e ficaram em Coimbra, escolhendo a área verdejante da Praça da República, Sereia e Jardim Botânico para viver.
A fuga nada terá a ver com maus tratos. Assim somos levados a um só motivo: qual é o ser que, preso, não luta pela sua liberdade?
Os periquitos de raça pura têm, em maioria, penas verdes. Quando atingem os dois anos surge-lhes no pescoço um anel de penas pretas e rosa, sinal de maturidade. A cauda é comprida e afilada, vermelha e em forma de gancho. Os mutantes têm penas de várias cores, lindas, mas poucas verdes, o que é uma desvantagem pois nas verdes copas das árvores são mais facilmente vistos pelos seus inimigos, as aves de rapina.
A espécie é conhecida por vários nomes, como sejam periquito de colar, colar rosa, rabo de junco ou simplesmente ring neck.
Encontram-se na Ásia (duas espécies), África (também duas) e na Europa onde é a única ave da família dos papagaios e periquitos em liberdade e com cor, na maior parte, verde.
Em janeiro passado ouvi alguns a piar mas nem um consegui avistar, escondidos que estavam nas densas ramadas da magnólia-grandiflora, que está logo nas traseiras do café Cartola, na Praça da República. Dias depois tive a sorte de os ver nas árvores melia-azedarach (7) que estão do lado esquerdo de quem sobe a Rua Tenente Valadim. Demorei-me a vê-los comendo as sementes, umas bolinhas que são amareladas quando estão maduras.
O que não vi foi alguém a parar, o mesmo andando e vendo estas aves tão simpáticas. Se morasse por ali facultar-lhe-ia comida e água, embora esta não lhe falte na zona. Antes ver estas aves do que cinzentos pombos que, onde pousam, sujam.
Tudo tentaria para se aproximarem de nós o que seria inédito em Portugal e atração para visitantes de Coimbra.
Aproveito este escrito sobre aves para referir que existe em Coimbra uma Associação Ornitológica de grande prestígio entre nós e no estrangeiro, pelos numerosos e valiosos prémios que tem conquistado. Mas não tem conseguido em Coimbra um “canto” para sede que presentemente está em Cernache, que lhe conseguiu disponibilizar instalações, do que muito se orgulha. E Coimbra não poderá evitar os 28 quilómetros, ida e vinda, para a Associação ter o expediente em dia?
Como final deste escrito, vai agradecimento ao Horto Municipal por me ter esclarecido quanto aos nomes científicos das árvores que menciono neste escrito e dados por intermédio de uma expedita funcionária.