Agricultura continua a ser uma profissão de futuro
A Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) tem registado, nos últimos anos, um crescimento a nível da procura, sobretudo nos cursos de licenciatura. Detentora de 133 anos de história, esta Escola, que integra o Politécnico de Coimbra, tem sabido responder à evolução da sociedade e, apostando bastante na investigação, tem antecipado o futuro com uma oferta diferenciadora e diversificada que vai muito para além da agricultura.
A Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), situada em Bencanta, é muito mais do que uma simples escola. Apesar da grande aposta que faz a nível da formação, com uma oferta que contempla cursos superiores técnicos profissionais (CteSP), licenciaturas e mestrados, este estabelecimento de ensino superior assume uma “missão” maior, reflexo de uma história de 133 anos, marcada por um crescimento e evolução contínuos.
Atualmente, a ESAC encontra-se novamente numa fase de crescimento a nível da procura, contando com muito perto de um milhar de alunos, repartidos pelas várias áreas que disponibiliza – agricultura biológica, agropecuária, ambiente, biotecnologia, ecoturismo, floresta, gastronomia e tecnologia alimentar, cursos caracterizados por uma forte componente profissionalizante e por uma ligação muito próxima ao tecido empresarial, a associações e cooperativas.
O presidente da ESAC, João Noronha, congratula-se com este crescimento recente, que evidencia que estas áreas estão novamente a atrair os jovens estudantes. “Sentíamos um decréscimo desde 2009, mas nos dois últimos anos temos vindo a recuperar. Comparativamente ao ano anterior, tivemos este ano letivo um aumento de 53 alunos, o que fez com que passássemos de cerca de 930 para 980 estudantes”, realça, acrescentando que o aumento da procura foi mais evidente nas licenciaturas.
“Paulatinamente estamos a recuperar e o nosso desafio é continuar a crescer e a adaptarmo-nos às novas exigências, potenciando as mais recentes tecnologias e acompanhando as mudanças que cada setor impõe”, explica. João Noronha sublinha que, ao contrário do que por vezes se pensa, a “ESAC não é apenas uma Escola Agrícola”, vai muito para além disso, abraçando outras áreas que têm também registado maior procura, como os cursos de biotecnologia, transformação, tecnologia alimentar, ambiente e florestas. Destaca ainda o Curso de Maneio de Equinos e Equitação Terapêutica e de Lazer, bem como o facto de estar sediada nas instalações da ESAC o Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade (CERNAS) e um polo do Centro de Ecologia Funcional, da Universidade de Coimbra.
A ESAC procura “cobrir todas as áreas das ciências agrárias” e, nesse sentido, pretende dar, como assegura o presidente, “a melhor resposta a nível da formação”, uma “formação de grande qualidade, lecionada por um corpo docente bastante qualificado, que aposta muito na investigação”. Outra das mais valias é “a forte ligação que mantém com as empresas e a garantia de que cada aluno, no final do seu ciclo de formação, seja licenciatura ou mestrado, faz um estágio numa empresa, o que lhe garante um conhecimento real do tecido produtivo”.
Cursos com bons índices de empregabilidade
Na hora de traçar o futuro, é importante escolher uma área de que se goste, mas há também que valorizar a questão do emprego. De acordo com João Noronha, a ESAC tem “alguns cursos com quase 100 por cento de procura” e, de uma forma geral, “os índices de empregabilidade são altos em todas as formações”.
“Penso que a nível das escolas agrárias que temos no país, a ESAC está bem cotada. Não digo que é melhor que as restantes mas, para além de todos os elementos que nos definem, temos a vantagem de estarmos em Coimbra, uma cidade com grande atração a nível de alunos”, frisa.
Mas há de facto características únicas nesta Escola, a começar pelas suas instalações e área envolvente, um cenário convidativo tanto para os alunos como para a comunidade em geral. João Noronha destaca os cerca de 140 hectares de área, dos quais cerca de 90 são destinados à produção. Neste enquadramento, são de realçar também os 83 hectares dedicados à exploração agropecuária, 12 dos quais certificados para a produção biológica, bem como muitos outros de área florestal.
É toda esta ambiência que evidencia que esta não é apenas mais uma escola. O facto de ter o Baixo Mondego, com todas as suas riquezas, “à mão” abre-lhe também outras possibilidades. João Noronha realça que “todas as escolas agrárias do país têm produções mediante os sítios onde se inserem”. O caso da ESAC não é exceção e a Escola procura tirar o melhor partido desta mais valia que é o Baixo Mondego, onde tem, aliás, campos de milho, “uma produção significativa e uma fonte de rendimento interessante, que permite mostrar aos alunos o conhecimento e toda a tecnologia associada à área da produção”.
“A própria escola tem campos, quase 90 hectares, onde produzimos milho e outros produtos hortícolas. Temos contratos com várias empresas e produzimos sementes que nos permitem fazer um conjunto de culturas na ESAC”, explica.
A Escola tem procurado “valorizar todas essas riquezas que a região oferece e conhecer bem o tipo de agricultura que cá se produz”. O presidente não esconde que a filosofia deste estabelecimento de ensino superior passa também por “valorizar e potenciar essa agricultura, por conhecer a sua natureza”, trabalhando, nesse sentido, de forma articulada com a Direção Regional de Agricultura do Centro e com vários agricultores da região.
Formação versus produção
Essa ligação com agricultores e empresários tem também em vista a realização dos estágios, proporcionando a todos os alunos a possibilidade de integrarem um contexto real de trabalho. Mas a Escola vai mais longe e, para além da formação, aposta também na produção, sendo “uma produtora de média dimensão na região”, com “uma exploração agrícola que procura potenciar ao máximo”, através da “investigação em laboratório e no próprio campo”.
Paralelamente, continua o presidente, “é também produtor de milho, vinho, frutas, produtos hortícolas, ervas aromáticas e medicinais, iogurtes, queijos”, entre outros. Esta produção é vendida depois na sua loja, além de fornecer as cantinas dos vários estabelecimentos que integram o IPC.
A ESAC consome, portanto, o que produz, situação que não se verifica no país, que continua a não produzir o suficiente para as suas necessidades. João Noronha compreende que não será fácil Portugal ser auto-suficiente em termos de agricultura, embora considere que “é muito importante que consiga aumentar a sua produção, para melhorar a resposta a nível nacional e para que possa apostar também mais na exportação”.
Este é um mercado ainda com muitas possibilidades de crescer e, para tal, são precisos agricultores bem formados e com uma visão de futuro. João Noronha não tem dúvidas de que “a agricultura é uma profissão de futuro” e em que “vale a pena apostar”.
Numa altura em que se aproxima o fim do ano letivo e a hora de muitos jovens começarem a definir o seu futuro, convida os estudantes a conhecerem a oferta da ESAC, bem como as suas instalações e tudo o que tem para lhes oferecer. A pandemia da Covid-19 impediu a realização do habitual “Dia Aberto”, mas o presidente assegura que a equipa está disponível para “tirar quaisquer dúvidas, prestar aconselhamento sobre os cursos disponíveis e para mostrar a Escola”, de forma a que “possam ter a certeza de que estão realmente a tomar a melhor opção”.
Loja da Agrária aberta à comunidade
A Escola Superior Agrária de Coimbra conta, há vários anos, com uma loja, onde comercializa exclusivamente os seus produtos. O presidente João Noronha explica que para além da produção no campo – milho, produtos hortícolas, frutas, ervas medicinais e aromáticas –, dispõe também de oficinas onde produz iogurtes, queijos, vinhos e compotas. Neste período de calamidade pública, provocado pela pandemia Covid-19, a Loja está aberta a toda a comunidade às terças, quartas e sextas feiras, das 10h00 às 13h00.