O título da metade do volume a que pertence, noticiado num periódico desta nossa província, sugeriu-me especulação sobre o seu conteúdo, pelo que dele me vou ocupar seguidamente com um impulso sobre aquela frase polissémica que tanto pode sinalizar uma fronteira intransponível, sob ameaça punível como, politicamente, assume a função de coartar a liberdade de pensar e de agir do cidadão, não respeitando a liberdade de pensar e de agir do outro, sendo que em determinadas ideologias não tolera sequer o desafogo dos dissidentes.
Trazer à colação num regime democrático(?) que envolve, em tais circunstâncias, a delimitação das Linhas Vermelhas, constitui um paralogismo que não se compadece com aquela incongruência – uma união entre democracia e o seu contrário.
Foi, portanto, na perspetiva da perceção do pensamento do Autor que me predispus a percorrer os dez opúsculos que preenchem aquele trabalho literário, do qual extraio, antes de mais, uma erudição que não regateio e em relação à qual me declaro incapaz de ombrear com tal riqueza de prosa, com a destreza com que articula os vocábulos, com a fluidez expressiva no discurso, com o domínio vocabular, que até ilusiona os que se opõem aos ideais professados pelo Autor. Permito-me abrir aqui um parêntese para emitir a minha modestíssima opinião, decorrente de tão sincera afirmação, quanto ao emprego excessivo de figuras de estilo e de neologismos que, adornando embora o discurso, afetam de algum modo o rigor linguístico em que se inserem.
Feita a apologia da nobreza do conteúdo literário, abro aqui um parentese para citar o episódio bíblico do fratricida Caim e introduzir o provérbio “onde estiverem duas pessoas juntas existe um conflito latente” e ao qual eu acrescento que quando se junta um número maior na contenda mais se agudiza o conflito, gerando fações que tentam impor as suas ideias (se necessário, pela força), ainda que absolutamente contrárias às das outras, mesmo que estas estejam a pugnar pelo bem da comunidade.
Continuando, constato que esta filosofia política persiste em sobreviver e até rejuvenescer, comportando-se como o pomo da discórdia, quando não consegue impor o seu programa aos eleitores. É a revolta dos vencidos pela própria sobrevivência.
Retomando o raciocínio ut supra, cumpre-me agora uma tarefa controversa, de derivar para sua análise política, apoiando-me nas citações e juízos de valor expendidos no âmbito das “Linhas Vermelhas”, “aquelas “com que me coso, as da cor das bandeiras em que me revejo”.