29 de Abril de 2025 | Coimbra
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EIDR já ajudou centenas de famílias em situação de vulnerabilidade em Coimbra

21 de Março 2025

Em 1998, Coimbra enfrentava desafios significativos no apoio a pessoas em vulnerabilidade social. Surgiu, por isso, a necessidade de criar a Equipa de Intervenção Direta Raíz (EIDR), com vista a desenvolver uma intervenção comunitária junto de jovens e adultos em risco de consumo de substâncias psicoativas, indivíduos com comportamentos aditivos e dependências em tratamento e recuperação. Até à data, a iniciativa já apoiou centenas de famílias e promete não ficar por aqui.

Integrada na Associação Nacional de Apoio a Jovens (ANAJovem), a EIDR recorre à “Abordagem de Rua” ou “Abordagem à Comunidade” para encontrar uma solução viável para a resolução e/ou diminuição de problemas que surgem na sequência do consumo de substâncias. “Notámos que faltava uma abordagem de proximidade que garantisse um acompanhamento contínuo e eficaz. A nossa equipa atua precisamente nesse sentido: cria relações de confiança e promove soluções individualizadas para cada caso”, explica Fernanda Pereira, diretora da ANAJovem, em declarações ao “O Despertar”.

Priorizando sempre o utente e o seu bem-estar, o projeto promove ações articuladas de sensibilização, orientação e encaminhamento. Como forma de chegar ao público-alvo, a iniciativa desloca-se pelas ruas de Coimbra, identificando necessidades. “Realizamos ‘giros de rua’, tanto diurnos como noturnos, pela cidade; estabelecemos contacto direto com os utentes e criamos redes de apoio”, conta a responsável.

Além disso, a equipa também recebe encaminhamentos de outras instituições, da comunidade e de pessoas em situação de sem-abrigo que já conhecem o seu trabalho. “As pessoas que nos acompanham valorizam a proximidade, o respeito e o nosso compromisso. Muitas delas expressam gratidão por serem ouvidas e por receberem um apoio que vai além da assistência básica, ajudando-as a reconstruir as suas vidas”, garante.

 

Resultados são positivos

Os serviços prestados pela EIDR vão desde os atendimentos individuais ou familiares a visitas prisionais, hospitalares e domiciliárias. Há ainda espaço para o enquadramento profissional e/ou formativo, para a ação social, serviços centrais e saúde e supervisão através de contactos telefónicos.

Com estas intervenções, a iniciativa pretende “estimular comportamentos saudáveis, sensibilizar para o abandono do consumo de substâncias psicoativas lícitas e/ou ilícitas, promover a reinserção social e profissional, estabelecer a autonomia do indivíduo, entre outras”, enumera Fernanda Pereira.

Os resultados são animadores já que, até ao momento, “foram apoiadas centenas de pessoas e famílias em situações de grande vulnerabilidade”. Um trabalho que é possível graças aos assistentes sociais e psicólogos que compõem a equipa técnica da EIDR. “Estes profissionais garantem um acompanhamento especializado e estruturado, essencial para a eficácia da nossa intervenção”, assegura a diretora.

A estes, junta-se ainda uma rede de voluntários que ajuda na logística e no auxílio direto. Para isso, recebem uma formação inicial que lhes dá a conhecer as dinâmicas da intervenção direta, as abordagens mais adequadas e os princípios éticos da iniciativa.

 

As dependências e o preconceito

Ao introduzir um conceito assente na proximidade, a EIDR considera que a sua ação faz a diferença na cidade. “O nosso modelo centra-se na construção de relações de confiança e numa resposta personalizada, ultrapassando as limitações dos modelos de apoio mais tradicionais”, sublinha a responsável. Desta forma, Fernanda Pereira acredita que “continuamos a distinguir-nos pela excelência da nossa atuação, pela articulação estratégica entre equipas técnicas e voluntários, e pelo compromisso inabalável em proporcionar soluções sustentáveis para a reintegração social daqueles que acompanhamos”.

Posto isto, a equipa está convicta de que pode inspirar outras iniciativas semelhantes a prestar um apoio mais direto a pessoas em situação de vulnerabilidade. “Não pretendemos ser um modelo absoluto, mas sim um contributo para uma resposta social mais abrangente e eficaz”, salienta a diretora. Reitera ainda que “se a nossa experiência puder motivar outras organizações e comunidades a desenvolver projetos alinhados com esta visão, consideramos que isso será um passo positivo na construção de um apoio mais humano e estruturado a nível nacional”.

Um auxílio que se revela urgente, já que as dependências continuam a ser um tema envolto em estigmas e tabus. “A desinformação e a falta de compreensão sobre a complexidade das adições perpetuam este ciclo de exclusão, dificultando o acesso ao apoio e tratamento adequado”, alerta Fernanda Pereira.

Consciente dessa realidade, a EIDR assume como prioridade a sensibilização da sociedade para uma abordagem mais esclarecida, empática e inclusiva. “Procuramos desmistificar conceções erradas, promovendo o diálogo, a educação e a criação de redes de apoio eficazes, fundamentais para a reintegração social e para a dignificação de quem vive com este problema”, conclui.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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