É PRECISO AVIVAR A BAIXA
Há dias, com um grupo de amigos, fizemos uma peregrinação por alguns recantos da Baixa de Coimbra. Reproduzi, neste jornal, o meu espanto por um quase vazio de pessoas. Na célebre CALÇADA, ou seja, ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, ainda encontrámos algum movimento e as lojas de recuerdos vocacionadas para o turismo, ajudavam a dar cor, embora ténue, à zona. O nosso espanto foi o quase deserto na Praça do Comércio, e nalgumas ruas da Baixinha. Não fico, por isso, admirado, com a constatação de problemas de segurança nesta zona central e nevrálgica da urbe. Acredito que haja um grande número de cidadãos conimbricenses a gostarem da Baixa, mas pergunto se será agradável uma Baixa despovoada e a depender, quase só, de fluxos turísticos e, provavelmente, sazonais ou de ações de animação pontuais? A não ser que se preserve unicamente um sentido histórico, teremos de fazer algo de efetivo pela recuperação social e económica da Baixa evitando esta situação triste de os comerciantes terem de se remeter a um anonimato para lançarem um SOS pela segurança como acaba de acontecer. Urge ampliar o policiamento, recorrer a câmaras de vigilância e seduzir cidadãos para frequentarem a Baixa. Mais: o saudoso Senhor CARVALHO da prestigiada LOJA DAS MEIAS disse-me, há alguns anos, que na sua perspetiva, o comércio da Baixa perdeu clientes e animação quando foi cortada a circulação automóvel e foram substancialmente reduzidos os transportes públicos. Para não musealizarmos a Baixa e anularmos alguns focos de insegurança, não acham que seria oportuno rever algumas medidas anteriormente tomadas? A colaboradora de O DESPERTAR, Clara Luxo Correia, uma especialista em marketing e comércio, sugeriu que as grandes casas comerciais que se pretendam instalar em centros comerciais de Coimbra deviam ter, obrigatoriamente, uma loja na Baixa da cidade. Excelente ideia. Creio já existirem noutras paragens estes exemplos e com êxito. Por que não avançarmos por este caminho? E já agora que se pretende retomar a Feira Comercial e Industrial de Coimbra (excelente ideia) por que não a sua realização na Baixa, pela Praça do Comércio, Portagem, Calçada?
JOSÉ AFONSO, VOLTA SEMPRE, A CASA É TUA
“Volta sempre. A casa é tua” – palavras do então Presidente do Município, MENDES SILVA, na sessão de homenagem a JOSÉ AFONSO, no Jardim da Sereia, em 26 de maio de 1983. Porém, precisamos de ter sempre presente DENTRO DA CIDADE a vida e obra de José Afonso. Avivar memórias além de escutarmos as suas músicas. A relação de José Afonso com Coimbra e a sua música é fortíssima e o cantautor referiu, na ocasião desta homenagem: “Estou grato ao ver os meus velhos amigos de Coimbra. Eles fazem parte da minha vida, assim como esta cidade, que foi para mim palco de coisas muito importantes e decisivas, nomeadamente, a luta contra as autoridades, que tiveram lugar especialmente na Universidade. Nessa altura fazia as minhas opções ideológicas”. Repetimos, o que há cerca de cinco anos aqui escrevemos: “Importa sugerir ao Município de Coimbra que é preciso erigir dois bustos de ZECA AFONSO a colocar, um perto da entrada do Choupal; e outro na área da Lapa dos Esteios. Reconheceremos, com SAUDADES DE COIMBRA e do CHOUPAL ATÉ À LAPA, a grandiosidade de José Afonso, cantautor, cidadão de vanguardas, nome épico do Fado e da Canção de Coimbra”. JOSÉ AFONSO partiu fisicamente há 37 anos que se completam hoje. A sua obra continua atual. “VOLTA SEMPRE, ZECA, A CASA É TUA”.