Comemora-se na próxima quinta feira, 1 de outubro, o Dia Nacional da Água, uma data que pretende sensibilizar a sociedade para a importância de preservar este recurso natural que é essencial à vida e que é cada vez mais escasso.
O reconhecimento do valor deste bem é de tal ordem que acaba por ter duas datas que lhe são dedicadas – o Dia Mundial da Água que se assinala a 22 de março e que foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e este Dia Nacional da Água que é celebrado em Portugal desde 1983, coincidindo com o início do ciclo hidrológico.
Estas datas servem, acima de tudo, para promover a reflexão sobre a importância da água, incentivando à consciencialização de todos para que façam um uso eficiente deste recurso escasso. Esta tem sido, aliás, uma preocupação que tem unido governos e instituições e que não é exclusiva de Portugal, já que a falta de água tem repercussões graves em todo o Planeta.
Apesar da atual situação de pandemia que se vive no país, Portugal evoca, mais uma vez, este Dia Nacional da Água. Entidades públicas e privadas promovem atividades diversas, alertando a população para pequenos gestos que podem fazer a diferença tanto a nível social, como ambiental e económico.
Importa tomar consciência que a água que tão facilmente jorra das torneiras das nossas casas, empresas ou outros locais onde nos movimentamos pode realmente falhar. O abrir da torneira é um dos gestos mais rotineiros do nosso dia a dia, que repetimos incontáveis vezes sem nos apercebermos sequer disso. De facto, só quando a água deixa de correr é que tomamos realmente consciência da falta que nos faz, em todos os domínios.
Sustentabilidade depende de todos
A Águas de Portugal, no seu Portal da Água (https://www.portaldaagua.pt/), procura transmitir uma mensagem clara sobre o papel que cada um de nós tem na gestão deste recurso. Nesta plataforma, apresenta informação diversa sobre o setor, sensibilizando para as preocupações atuais e alertando para as consequências que as atitudes de hoje poderão ter no futuro.
Sendo impossível controlar as condições climatéricas, com as estações do ano cada vez mais imprevisíveis, importa fazer uma “gestão inteligente” deste bem e, faça chuva ou faça sol, todos devem fazer um “uso responsável da água”, sendo esta uma questão de cidadania.
De acordo com as informações divulgadas no Portal da Água, “21 das 37 grandes reservas subterrâneas de água estão a esvaziar-se a um ritmo alarmante” e, a manter-se o atual ritmo de consumo, estima-se que em 2025, dentro de apenas cinco anos, possa não haver água para que “a agricultura produza o suficiente para alimentar toda a população mundial”. É certo que 70 por centro da Terra é água mas não podemos esquecer que desta apenas um por cento é água doce, portanto acessível ao ser humano.
Escassez de água e seca preocupam Portugal
A escassez de água e a seca no quadro da adaptação às alterações climáticas vão ser uma prioridade da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, que começa em janeiro de 2021.
O ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, explicou, durante a sessão de encerramento do XI Congresso Ibérico de Gestão e Planeamento da Água, que decorreu pela primeira vez online, entre 2 e 9 de setembro, que Portugal está ciente da “relevância de uma maior partilha de experiências e de maior ação a nível europeu em torno desta temática”, daí que vá abordar este tema da escassez de água e da seca no quadro da adaptação às alterações climáticas “como uma prioridade da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia”.
Segundo o ministro, as alterações climáticas estão a agravar as pressões sobre a água, através da alteração do regime de precipitações combinado com o aumento das temperaturas e provocando mudanças significativas em termos de disponibilidade dos recursos hídricos. Defende, por isso, que é necessário avançar com a transição hídrica e promover a poupança, o uso eficiente e a circularidade da água. “A reutilização de águas residuais tratadas emerge como uma oportunidade que devemos saber explorar e que Portugal vai mesmo explorar”, realçou, acrescentando que, “embora as alterações climáticas afetem todos os setores de atividade, a gestão da água está no centro das nossas preocupações de adaptação”.
O ministro disse, ainda, que a pandemia da Covid-19 “veio demonstrar o quão complexo é o que está à nossa frente”, frisando que “a importância da água como elemento básico e essencial à sobrevivência humana ficou demonstrada”.