Comemora-se domingo, 10 de novembro, o Dia Mundial do Enoturismo, uma data que foi instituída em 2009 pela Rede Europeia de Cidades do Vinho (Recevin) e que no ano passado passou a ter caráter mundial.
Celebrada sempre no segundo domingo de novembro, este é um dia que visa reforçar a divulgação da cultura, do património e tradições, através de programas desenvolvidos pelas várias cidades associadas, envolvendo também os produtores de vinho e agentes de enoturismo e valorizando, desta forma, os territórios produtores de vinho.
Em Portugal este dia é comemorado de várias formas, sendo a Associação de Municípios Portugueses do Vinho – que congrega e se assume como “porta voz” dos cerca de 70 municípios portugueses com vincada tradição vitivinícola e das rotas do vinho -, uma das entidades impulsionadoras de tudo o que possa valorizar este setor.
Na região, Cantanhede é um dos concelhos que se distingue neste setor. Vai assinalar este Dia Mundial do Enoturismo com um programa que decorre amanhã, a partir das 14h30, no auditório do Biokant, e que é promovido pela Câmara, Comissão Vitivinícola da Bairrada e Recevin. “Cantanhede – Terroir de excelência, vinhos de exceção” é o tema que serve de mote à conversa entre os vários intervenientes. Segundo a autarquia, será um “ponto de partida” para a “abordagem ao potencial do território para a produção de vinhos com caráter distintivo”, bem como para “apontar caminhos possíveis para reforçar as cadeias de valor do setor, incluindo o desenvolvimento do enoturismo”.
Este debate vai contar com a participação do presidente da Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado; do presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, Pedro Soares; de representantes das principais empresas vitivinícolas sediadas ou com vinhas no concelho de Cantanhede (designadamente Vítor Damião, da Adega Cooperativa de Cantanhede; João Póvoa, da Kompassus; Dirk Niepoort, da Quinta de Baixo; e Célia Alves, das Caves São João e presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada). No final, haverá um momento para esclarecimentos, onde os produtores técnicos do setor vitivinícola poderão apresentar as suas questões.
Os promotores asseguram que serão cumpridas todas as normas de segurança recomendadas pela Direção Geral de Saúde, de forma a prevenir o contágio da Covid-19.
Portugal quer ser referência no setor do enoturismo
O ano de 2020 era apontado como um ano de afirmação no setor do enoturismo, estando em execução o Plano de Ação para o Enoturismo 2019/20, apresentado no ano passado, em março, durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), pelo presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo. Este Plano visa, segundo realçou este responsável na ocasião, tornar Portugal numa referência mundial neste segmento, considerando-o como uma prioridade para o desenvolvimento turístico nacional, conforme a Estratégia Turismo 2027. Disse mesmo que este Plano representa “um pequeno passo para o turismo nacional, mas é um grande passo para o enoturismo em Portugal”.
Este programa aposta no reforço da ligação entre vinho e turismo, de forma a contribuir para a valorização do setor e para a maior atratividade dos territórios com tradição da vinha, de forma a criar ou valorizar destinos e rotas turísticas de enoturismo.
Este é um dos temas que deveria estar também em foco durante a 5.ª Conferência Mundial de Enoturismo, que estava prevista para o mês passado, em Reguengos de Monsaraz, mas que, devido à pandemia, foi adiada para maio de 2021.
Segundo dados divulgados pelo Turismo de Portugal, existem no território nacional 190 mil hectares de vinha, 31 Denominações de Origem Protegida, 14 Denominações de Indicação Geográfica e mais de 500 parceiros privados neste segmento. Trata-se de um setor que está presente em todo o país, assumindo-se o vinho como uma marca de cada região e do país que pode ser potenciada também em termos turísticos, com atrações diferenciadoras mesmo em zonas de menor densidade turística e em épocas baixas.
Época das vindimas continua recheada de tradição
Portugal é, portanto, um país onde a tradição das vindimas se mantém forte. Com menor ou maior dimensão, a produção do vinho continua a envolver todos, sendo as vindimas um momento de festa para muitos dos portugueses.
É ainda habitual familiares e amigos juntarem-se para as vindimas, fazendo desta uma época de convívio e confraternização. De cestos preparados e tesouras nas mãos, pequenos e graúdos saem para os campos e montes para recolher os cachos das uvas.
Muitos produtores cuidam das vinhas apenas para consumo próprio mas, nas zonas vitivinícolas mais fortes são muitos aqueles que fornecem também os cachos às adegas. Nalgumas zonas mais rurais e de menor produção, mantém-se o hábito de se pisar os cachos no lagar, muitas vezes ainda com os pés, um “ritual” que herdaram dos mais antigos e que tantos fazem questão de manter bem vivo.
Certo é que toda esta envolvência das vindimas permanece bem viva e envolve todas as gerações. Nesta época de S. Martinho, manda a tradição que se prove o vinho e a água pé, néctares que continuam a ser muito apreciados pelos portugueses.