Este jornal, nos seus já longos e largos 105 anos existência, guarda memórias importantíssimas para a compreensão da História, não só nas suas variáveis nacionais, como também internacionais. Divulgou, por exemplo, no espaço público mediado pela imprensa conflitos mundiais que mudaram o curso da humanidade: grandes guerras, guerras civis, revoluções que alteraram regimes e sistemas políticos, guerras de base imperialista e económica.
Percebemos, nas linhas e entrelinhas tecidas ao longo do tempo nas páginas deste marco centenário do periodismo português, que o mundo nunca foi um lugar seguro e que a guerra sempre fez parte do dicionário dos homens poderosos e dos regimes que procuram capturar sistemas económicos e políticos. É esse um dos dramas primevos da nossa evolução: a guerra como justificação travestida de paz, ou a paz só possível pelo sofrimento da guerra.
Quis o destino que a semana em que O Despertar cumpre mais um aniversário, fosse a primeira após o mais grave conflito ocorrido em solo europeu depois da II GM. Nunca como hoje, as palavras que escrevo a negrito carregam o peso de um luto improvável e imprevisível, em que duas nações vizinhas e em muitos aspectos irmanadas, conflituam numa escalada perigosíssima, depois da capitulação de todos os canais diplomáticos.
Todos conhecemos ucranianos, vizinhos, amigos e até familiares, uma comunidade perfeitamente integrada na nossa sociedade, a qual, ao contrário de outras vagas de imigração que recebemos e acolhemos, acrescentaram quase sempre valor: nas artes, nas ciências, na cultura duma forma geral. Gente de trabalho, abnegada, altamente qualificada, que de forma alguma merecia um sofrimento desta envergadura, assistindo, à distância e impotente, a um ataque sem precedentes à pátria mãe, tanto na sua soberania nacional como no renegar do direito internacional, em nome de um ideal extremista.
Acima de tudo, todos tememos, no consciente e inconsciente, que a situação militar muito complexa no terreno, possa derivar para um conflito à escala mundial. Importa, no entanto, assinalar que uma III GM poderá ser o prefácio do fim da humanidade, uma vez que Rússia possui capacidade nuclear para destruir 8 vezes o planeta!
Como este periódico sempre ostentou no seu cabeçalho, chegou a hora do mundo despertar. Independentemente de professarmos ideais republicanos, socialistas, liberais, cleptocráticos, social-democratas, comunistas ou outros quaisquer que queiram adicionar a esta lista – esta é a hora fundamental da Humanidade despertar para