Os comerciantes de Coimbra têm expectativas muito baixas para o Natal, devido à incerteza provocada pela Covid-19, e estão a optar por comprar “a medo” artigos que vendem nesta época, afirmaram duas associações da cidade representativas do setor.
“As expectativas são muito negras, tendo em conta a situação em que se está e às incertezas e impasse de o concelho poder passar a um risco mais elevado ou não”, disse à agência Lusa a presidente da Associação de Comerciantes e Empresários de Coimbra (AICEC), Zita Alexandre. Assim, frisa, os comerciantes estão “a comprar a medo” artigos específicos para esta época do ano, face ao receio de depois não os venderem.
“São tudo investimentos e as peças se não são vendidas ficam paradas e para o ano virá outra coleção e aquela fica parada a um canto”, notou.
De acordo com esta responsável, já há situações de “algum desespero” de comerciantes que não sabem se conseguem manter-se abertos até ao final do ano, presumindo-se que alguns “irão mesmo fechar”.
A presidente da AICEC frisou que todas as épocas festivas são importantes para o comércio local, sendo que, num ano atípico como este, muitos estavam a contar que o Natal fosse “dar uma lufada de ar fresco, mas já começam a acreditar que isso não é possível”.
Também a presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), Assunção Ataíde, traça um cenário negro, constatando que há muitos comerciantes “deprimidos” face à situação, tendo também retraído nos investimentos que seriam feitos para esta altura do ano.
Para além disso, “as pessoas também andam muito baralhadas com esta situação, em que há umas orientações e depois surgem outras e é extremamente difícil gerir a época”, observou.
“A expectativa é de um Natal fraco, mas vamos tentar potenciá-lo o mais possível”, salientou.
Assunção Ataíde referiu que a APBC está a procurar promover o comércio local, através de vídeos a serem divulgados nas redes sociais, e pretende avançar com uma ferramenta para criar uma presença digital dos comerciantes.
“A Câmara de Coimbra também lançou um programa de ‘vouchers’ [vales de compras para famílias que perderam rendimentos a serem utilizados no comércio local] e esperamos que o maior número possível de pessoas deles possa usufruir”, vincou.
No entanto, apesar dos esforços, Assunção Ataíde contou que já há comerciantes “a pensar em fechar”.
“Há comerciantes que não têm tesouraria suficiente para sobreviver. Essa é a angústia de muitos e, se deixarmos fechar algumas estruturas, especialmente na área da restauração, não terão capacidade para depois reabrir”, realçou.