Coimbra vai transformar-se, nestes primeiros seis meses de 2021, na “capital cultural da Europa”, ao avançar com um programa inédito que, durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE), pretende “celebrar a multiplicidade das culturas dos países que integram a UE”.
Promovido pela Câmara Municipal de Coimbra e coordenado pelo grupo de trabalho da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, liderado pelo mágico Luís de Matos, este “Semestre Europeu – A Europa em Coimbra 2021” assume-se como um evento pioneiro, que foi delineado antes da pandemia, tendo sofrido, por isso, alguns ajustamentos e podendo vir ainda a sofrer outros.
Durante a apresentação desta realização, que decorreu na semana passada no Convento São Francisco, Luís de Matos afirmou que “Coimbra será a capital cultural da Europa nos próximos seis meses, num convite permanente e inequívoco para que Portugal inteiro passe por Coimbra” neste período, uma vez que vai passar pela cidade “a cultura de todos os Estados-membros da UE”.
Apesar do projeto inicial ser “extraordinariamente mais ambicioso”, Luís de Matos realça a qualidade do programa, que conta já com a participação de 16 embaixadas e que “muito orgulha” toda a equipa envolvida nesta realização, que “em nada desmerece o programa cultural preparado pelo Governo” para assinalar a presidência portuguesa da UE.
O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, recordou que esta programação é feita num “contexto muito peculiar” e que tem como grande objetivo “evidenciar e mostrar que em Coimbra se fazem coisas, se assumem riscos”, convictos das dificuldades mas sem medos. Assegurou que, perante as dificuldades que poderão surgir, agirão sempre “com responsabilidade, protegendo sempre a saúde” dos cidadãos. Apesar das limitações, considera que o programa agora apresentado, que contempla para já apenas os primeiros três meses – janeiro, fevereiro e março -, é “ambicioso”, realçando os promotores que não há memória de que algo semelhante tenha sido já feito em alguma presidência europeia.
A vereadora da Cultura da autarquia, Carina Gomes, enalteceu a “vitalidade cultural e o talento artístico de Coimbra”, cidade que “tem sido uma referência” mesmo em contexto de pandemia, ao apostar em eventos pioneiros que continuem a permitir a fruição cultural e também a promoção dos artistas locais, como sucedeu nas Festas da Cidade e no Natal, com programas adaptados à situação que se vive.
O programa delineado pretende celebrar a multiplicidade das culturas dos países que integram a UC, através de um conjunto de eventos que vai trazer a Coimbra, ao Convento São Francisco, artistas, temáticas e tradições de outros países europeus. A pandemia obrigou a reajustamentos em alguns espetáculos, concertos, exposições, conferências e intervenções mas, apesar desses constrangimentos, a autarquia decidiu manter uma programação regular, dentro da mesma temática, desafiando artistas nacionais e alguns europeus a programar iniciativas dedicadas aos vários países que compõem a UE.
Este programa, que resulta de uma proposta do grupo de trabalho da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 prontamente aceite pelo Município, conta para já com a participação de 16 embaixadas de Estados-membros mas a expectativa é que, como afirmou Luís de Matos, possa chegar ao final do semestre com o envolvimento de todos os países da UE.
Seis meses a promover a cultura europeia
O “Semestre Europeu – A Europa em Coimbra 2021” abre já no domingo, às 18h00, com o espetáculo “Pitou – 100 anos de Amália”, dedicado a Portugal e ao centenário da fadista Amália Rodrigues. Se a evolução da pandemia permitir que se cumpra o programado, este será o único espetáculo a ser transmitido em formato online.
Da vasta programação, destaque também para a Orquestra Gulbenkian que vai apresentar “Viagem à Hungria”, para Salvador Sobral que vai cantar a obra do belga Jacques Brel, para Joana Gama que vai abordar o pianista francês Erik Satie, para Tiago Cadete que apresentará um espetáculo em torno de Gulliver (personagem do escritor irlandês Jonathan Swift), para o concerto de flamenco do espanhol Tomatito e para a estreia da peça do encenador Ricardo Correia, que vai reunir cinco dramaturgos de diferentes países da Europa sobre a vida durante a pandemia.
Um concerto de Jorge Fontes que interpreta o compositor alemão Beethoven; interpretações de música romena, lituana e polaca; um concerto do duo da Estónia Anna e Erik Parnoja; e concertos para bebés, com a participação de músicos estrangeiros que vêm de países como a República Checa, a Polónia e a Roménia, são também propostas da vasta programação, que pode ser consultada na íntegra em http://www.coimbraconvento.pt/pt/agenda e https://www.coimbragenda.pt.