O ato de vandalismo de que foi alvo, na madrugada de sábado, a estátua do busto do fundador do escutismo, Baden-Powell, foi condenado por várias entidades da cidade. O busto, instalado na rotunda de Jericó, em Santa Clara, foi decepado, um ato que foi, de imediato, condenado pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, e pelo presidente da União de Freguesias (UF) de Santa Clara e Castelo Viegas, José Simão.
Manuel Machado considerou “absolutamente inaceitável” e uma “falta de respeito pela civilização” aquele ato de “vandalismo primário”. No seu entender, o que aconteceu “é puro vandalismo e só pode resultar de quem tem falta de princípios civilizacionais, falta de compreensão do que é diferente e dos que são diferentes”. O autarca frisou ainda que Coimbra é “uma cidade de tolerância, onde ao longo dos tempos e ao longo de sucessivas gerações houve a capacidade de compreender a história, a civilização, o passado, o presente e o futuro”.
O autarca anunciou ainda que a Câmara, em articulação com a UF de Santa Clara e Castelo Viegas, para além da apresentação da queixa, vai encomendar ao mesmo escultor, Armando Martinez, uma obra de reposição do busto em pedra calcária que foi vandalizado.
José Simão recordou que a estátua foi paga pelos Escuteiros de Santa Clara e não imagina quem possa ter tido tal atitude. Acredita, contudo, que não se tenha tratado de um ato de racismo, uma vez que Coimbra tem “uma comunidade com muitos africanos” com a qual garante haver boas relações. “Se o crime tem a ver com movimentos ou partidos espero que esses bandidos sejam apanhados”, sublinhou o autarca.
O Núcleo Centro-Norte da Região de Coimbra do Corpo Nacional de Escutas também lamentou esta situação. “Os atos de manifestação não se realizam com vandalismo. Qualquer tipo de manifestação tem que ser ordeira, sob pena de perder toda a credibilidade”, defendeu. O chefe do Núcleo, Frederico Marques dos Santos, acrescentou ainda que “não temos a capacidade nem o direito de ‘apagar’ o passado”.
Também a Junta Regional de Coimbra do Corpo Nacional de Escutas manifestou a sua indignação, relembrando que o “escutismo oferece um ambiente inclusivo para reunir jovens de todas as raças, culturas e religiões e cria oportunidades de diálogo sobre como promover a paz, a justiça e a igualdade”.
Esta “onda” de indignação espalhou-se um pouco por toda a cidade, sendo várias as manifestações de desagrado, mesmo por parte da população.
Recorde-se que o busto de Robert Baden-Powell, fundador mundial do escutismo, foi inaugurado em 2004 numa iniciativa da Câmara, Junta de Freguesia e do Corpo Nacional de Escutas, através do Agrupamento 162.