“Cafés Históricos: Um Encontro de Ideias” marca início do programa de comemoração dos cem anos do espaço emblemático da Baixa de Coimbra que contribui para “fazer história” na vida de quem por ali passa
O Café Santa Cruz, situado em plena Baixa de Coimbra, está a caminho do seu centésimo aniversário, recheado de histórias, partilhas e de “encontros de ideias” e é com esse mote que este espaço representativo da cidade vai comemorar a chegada do centenário.
Este local histórico vai promover, entre hoje e amanhã, o seminário “Cafés Históricos: Um Encontro de Ideias”, que resulta de uma parceria entre o Café Santa Cruz, situado em plena Baixa de Coimbra, e a Associação dos Cafés com História em Portugal (ACH), dando continuidade ao evento realizado em 2018, sob a temática “Os Cafés Históricos como Património Cultural”.
“O evento regressa agora com transmissão online e com um novo destaque, temas, oradores e moderadores”, salienta Vítor Marques.
Para o primeiro dia, entre outras temáticas, estão previstos vários painéis, iniciando com o tema “Rotas Culturais e Patrimoniais”, moderada por Manuel Lacerda, da Direção Geral do Património Cultural, seguindo-se “A importância do ‘Café Central’ na vida das cidades”, tendo como moderadora Clara Almeida Santos, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Segue-se o tema “Cafés Históricos – memória, autenticidade e salvaguarda”, moderado pela presidente do Centro Nacional de Cultura, Maria Calado.
O último painel, orientado pela jornalista do jornal online “A Mensagem”, Catarina Reis, tem o tema “Do Turismo massificado ao impacto da Covid-19 no turismo e no património cultural – soluções para o futuro”.
No sábado tem lugar a apresentação da obra “Memórias do Café Derby”, de Fernando Franjo, pelo investigador João Pinho. “Trata-se de um café histórico de Santiago de Compostela que infelizmente fechou portas em março de 2020, com a perspetiva de abrir novamente”, explica Vítor Marques.
Desafios da atualidade
Durante a apresentação do programa, que decorreu no Café Santa Cruz, o também presidente da Associação dos Cafés com História de Portugal destaca três objetivos primordiais. “Que os cafés históricos possam estar integrados nos nossos passeios de lazer e familiares, bem como fazer com que estes estabelecimentos façam parte dos roteiros turísticos nacionais e internacionais”, salienta, ao traçar um grande desafio, “os futuros mapas da cidade incluírem esses cafés centrais nos seus percursos”
Vítor Marques alavanca ainda as ambições de criar o Dia Nacional do Café Histórico, que envolve três entidades, a Associação dos Cafés com História em Portugal, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e a Associação Industrial e Comercial do Café, e
contribuir com todas estas ações para a certificação da Rota Cultural Europeia dos Cafés Históricos, “projeto que já foi defendido no Conselho da Europa, no Luxemburgo, a 5 de maio, e que esperamos que consiga haver novidades ao longo deste mês”.
Este Encontro de Ideias, que marca o início do programa das comemorações, irá contemplar um conjunto as iniciativas que vão decorrer até maio de 2023, entre elas “uma nova imagem, um novo site e um novo CD”, além de um conjunto de outras atividades em “parceria com outras instituições que celebram também números redondos”. Falamos dos 110 anos de abertura ao público do Machado de Castro, do vigésimo aniversário do Panteão Nacional da Igreja Santa Cruz, dos 10 anos de distinção de Património da Humanidade da Unesco, dos 100 anos da Biblioteca Municipal, dos 30 anos do lançamento do último livro de Miguel Torga e os 50 anos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Santa Cruz não é um mero café
O Café Santa Cruz vai muito além de um serviço de cafetaria. É o preservar de hábitos que são apenas visíveis em cafés carismáticos, “em que folhear um jornal, ler um livro, agendar uma reunião, marcar um encontro de amigos, estudar ou conversar são rituais a manter num local onde as tertúlias acontecem de uma forma informal”.
“Este é um espaço de divulgação da cultura, com propostas que passam pela projeção de documentários e filmes, apresentação de contadores de histórias, lançamento de livros e revistas, música ao vivo, mostras de artesanato e exposições”, descreve.
A sua visão reflete o respeito pela história, pelas suas memórias e tradições, “onde os valores contribuem para a construção de um legado consistente que possa ser fruído pelas gerações vindouras”.
“Este é mais um dos projetos que vai contribuir para tornar estes espaços cada vez mais próximos dos seus clientes e amigos, criando laços emocionais e relações duradoras, através dos momentos inesquecíveis”, afirma Vítor Marques.
Trata-se, assim, de uma “homenagem a todas as pessoas que passam por aqui”, desde gestores, clientes, fornecedores e todas as que tiveram a ideia de transformar no séc. XX “aquilo que era um armazém de construção neste magnífico Café, que contribuíram para estarmos hoje nesta mesa”.