O Café Santa Cruz comemorou 98 anos no sábado (8 de maio), uma data que foi assinalada de forma simbólica mas que fica marcada pelo arranque de novos desafios que pretendem reforçar a ligação do histórico café à cidade e, também, abri-lo cada vez mais ao país e ao mundo.
Depois de ter estado fechado cinco meses nos últimos 14, o sócio-gerente Vítor Marques entende que é preciso “abraçar” novos projetos neste novo “começo”, que “desafiem os conimbricenses a virem ao café” mas também de forma a abri-lo, das mais diversas formas, a todos, através de eventos pioneiros que projetem a sua história e o património que reúne.
A abertura da “Sala número 50” do Museu do Turismo, a segunda localizada em Portugal, foi uma das novidades que apresentou nesta reabertura. É, assim, o primeiro Café Histórico a estar presente com uma Sala no Museu do Turismo, um projeto internacional que assenta numa plataforma virtual, sem fins lucrativos, que visa “honrar a história do turismo”.
A exposição, que pode ser visitada presencialmente no café ou virtualmente, através das plataformas digitais do Museu do Turismo, é dedicada à história da cidade e do estabelecimento. Trata-se de uma exposição permanente que, como explica Vítor Marques, “conta a história do café, da Praça 8 de Maio e de alguns eventos marcantes, como a queda da Torre de Santa Cruz”. Algumas das imagens poderão ser alteradas ao longo do tempo, de forma a ir enriquecendo esta história.
Depois desta estreia, a gerência está a preparar mais um projeto pioneiro, designado “Cafés no caminho”. Vítor Marques explica que, se conseguirem obter financiamento, este projeto vai ligar alguns cafés históricos de Coimbra, Porto, Braga, Vigo, Pontevedra e Santiago de Compostela, criando uma espécie de “itinerância ou peregrinação cultural que ligará seis cafés históricos nestas cidades”.
Trata-se de um projeto desenvolvido em parceria com a Associação dos Cafés Históricos de Espanha, presidida por Fernando Franjo, que esteve em Coimbra por ocasião da apresentação do livro “50 Cafés Históricos de Espanha e Portugal”.
“Lembrámo-nos de fazer esta iniciativa porque existem muitas afinidades entre Santiago de Compostela e Coimbra. Se tudo correr bem, arrancará no início de novembro”, adianta Vítor Marques.
Este projeto, que contará com público presencial nos cafés mas também através das plataforma digitais, via streaming, contará com um programa abrangente nos fins de semana daquele mês, que reunirá diversos eventos, como música, poesia, magia, pintura, teatro, entre outros.
Até lá, e desde que abriu após este novo confinamento, o Café Santa Cruz avança com um projeto fotográfico que visa aproximar este estabelecimento emblemático da comunidade. “Passados estes 14 meses de pandemia, que nos afetou a todos de uma forma brutal, tanto em termos económicos como sociais e culturais, queremos continuar a estreitar e fortalecer laços”, explica o gerente.
Vítor Marques recorda que esta forte ligação à cidade começou ainda antes da abertura do café, a 8 de maio de 1923, uma vez que na véspera a gerência de então convidou diversas entidades para assistirem à sua inauguração e no fim de semana anterior acolheu uma reunião de curso. “Portanto, faz parte da natureza do Santa Cruz, desde a sua origem, essa preocupação de envolver algumas entidades. Lembrámo-nos agora de convidar os nossos parceiros, com quem colaborámos nos últimos anos, para que visitem o café e para que, em conjunto, possamos unir forças para o novo futuro”, sublinha.
As fotografias que estão a ser agora registadas serão depois expostas no café, numa mostra que, de acordo com o gerente, poderá servir como “ponto de lançamento para as celebrações dos 100 anos do Santa Cruz”, dentro de dois anos.
Para já, a gerência lembra que retomou as noites de fado e que este fim de semana começam novamente os espetáculos de jazz, no âmbito do protocolo que mantém com o Conservatório de Música de Coimbra.