As instituições de apoio aos idosos são essenciais no combate à solidão, infelizmente, característica desta faixa etária. Quando chegam à idade da reforma os idosos começam a mudar as rotinas e a entrar numa fase tendencialmente mais depressiva, pois sentem já não têm um motivo para se levantar da cama e as instituições de centro de dia, como a Associação Nacional de Apoio ao Idoso (ANAI), vieram colmatar essa lacuna social.
Francisca Rodrigues
Em visita à ANAI, o Despertar teve não só oportunidade de conhecer a instituição como falar com os seus idosos. José António, um dos utentes que falou connosco, mostrou a sua felicidade em fazer parte “desta a que chama a sua segunda família”.
“Eu hei-de morrer aqui. Sou tão feliz nesta casa. Não há casa como esta”, confessa com as lágrimas nos olhos José António. A felicidade e a gratidão eram as palavras que mais facilmente expressava quando se falava dos funcionários, da diretora da Associação Sónia Vinagre e de todo o tratamento que era alvo.
Sónia Vinagre revela a importância deste tipo de instituições e do apoio que prestam a esta comunidade mais vulnerável, “não só a nível mental como a nível físico, pois muitas vezes o facto de ficarem em casa acaba por trazer consigo dificuldades na mobilidade e com o acompanhamento fisioterapêutico conseguem recuperá-la significativamente”.
O que pode encontrar na ANAI?
A associação fundada em 1994 tem inúmeros serviços de apoio ao idoso, como apoio domiciliário, Universidade de Tempos Livres (UTL), a oficina do idoso, fisioterapia, psicoterapia e centro de dia.
A UTL é considerada pela RUTIS (Redes de Universidades Séniores) uma universidade de excelência com uma diversidade de disciplinas. O ano passado teve cerca de 220 alunos apesar das dificuldades impostas pela pandemia, devido à mudança constante no método de ensino que tanto era online como presencial. “Normalmente as pessoas que procuram a Universidade são as que se acabam de reformar e procuram dar continuidade à sua vida atividade e se querem manter ocupados e adquirir conhecimentos que não obtiveram enquanto trabalhavam. São indivíduos que estão bem cognitivamente, são autónomos e capazes de tomar decisões”, explica a diretora.
A Universidade tem à disposição 26 disciplinas e são do mais variado desde a Histórias às Artes. Este ano terão disciplinas novas como a História do Contemporâneo e a Metodologia Greco Romana. Para ter acesso a este estabelecimento de ensino, inserido na ANAI, tem um custo mensal que vai dos 25 aos 50 euros dependendo da disciplina e das horas diárias que são necessárias. Contudo quem não tenha capacidade financeira pode candidatar-se a uma bolsa e ter acesso a novas categorias do saber.
O Centro do dia e o apoio domiciliário têm o apoio da segurança social, por isso o custo varia de acordo com o rendimento de cada família.
O apoio domiciliário sofreu alterações positivas de alargamento de serviços como forma de responder rápida e eficazmente à necessidade dos idosos conimbricenses que utilizem este serviço. Estas modificações foram possíveis devido a uma candidatura realizada ao BPI Séniores que foi aprovada e garante aos utentes o serviço de fisioterapia e psicoterapia no domicílio e também o regime noturno de acompanhamento aos sábados, domingos e feriados.
“Apesar destas evoluções nós ainda não cumprimos o principal objetivo que é efetivar o apoio domiciliário aos fins de semana e feriados além do regime noturno. Mas para isso nós precisamos de arranjar mais pessoas para que sejam feitos turnos. Se há uns tempos tínhamos muitas candidaturas por parte do IEFP, neste momento as candidaturas são nulas e acaba por se tornar difícil. Mas acreditamos que neste segundo semestre consigamos atingir”, revela Sónia Vinagre.
Os novos serviços de fisioterapia e psicoterapia foram fundamentais no pós-pandemia para ajudar os idosos a recuperar a mobilidade e a sua estabilidade mental. “Muitos dos utentes perderam parte da capacidade autónoma de mobilidade durante o período de isolamento e com este serviço os que não conseguiam sequer entrar na carrinha de transporte já o conseguem fazer sem qualquer ajuda, o que para nós é excelente”, sublinha.
Para além deste apoio mais direto, a ANAI dispõe também de um banco de ajudas técnicas composto por camas hospitalares, andarilhos e canadianas que estão à disposição da população de Coimbra através do regime de aluguer. “É uma mais-valia no concelho sendo que é um serviço praticamente inexistente e dota as famílias e o doente de uma melhor qualidade de vida”.
“Para finalizar gostava de destacar que todos os idosos são capazes de ter acesso à mesma qualidade de vida quando se inscrevem em instituições como o centro de dia. Porque o centro não é apenas para os idosos que já são dependentes, mas sim para todos aqueles que se sentem sozinhos e necessitam de uma companhia ou então apenas para passarem o dia ocupados com diversas atividades e terem algo novo para contar à família. Venham e serão todos igualmente tratados”, conclui Sónia Vinagre.