Os agricultores do Baixo Mondego vão reunir-se hoje (31 de janeiro), às 18h30, na sede da União de Freguesias de Montemor-o-Velho e Gatões, concelho de Montemor-o-Velho, para reclamar outras medidas de apoio aos prejuízos provocados pelas cheias de dezembro.
Promovido pela Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO), com o apoio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), esta reunião pública tem como finalidade ouvir os agricultores afetados e criar uma “Comissão de Lesados” que possa exigir, junto dos órgãos de soberania, “a tomada de medidas concretas e efetivas que respondam à dimensão dos prejuízos”, uma vez que, como defendem os promotores, “as medidas anunciadas não abrangem a maioria dos lesados”, deixando de fora “as pastagens e a quase totalidade do setor hortícola”.
A ADACO explica, em nota divulgada, que as recentes intempéries provocaram “prejuízos avultados em culturas e em infraestruturas que agora custam muito dinheiro e trabalho a recuperar”. Causaram ainda, acrescenta, “uma perda de rendimentos nos próximos meses e até anos”, devido à forma como muitas explorações agrícolas foram afetadas.
De acordo com a ADACO, as medidas já anunciadas pelo Governo “inexplicavelmente não contemplam as culturas hortícolas, que foram as mais prejudicadas”, daí que este organismo reclame “mais apoios específicos” que ajudem a solucionar os “prejuízos que efetivamente aconteceram na agricultura”, provocados pelas cheias de 23 de dezembro de 2019.
A associação considera que esta é “uma situação de excecional gravidade”, que se traduz em “mais de cinco mil hectares alagados por água e lama” no Baixo Mondego, devendo, por tudo isso, contemplar “medidas excecionais de apoio e não apenas aquelas medidas que são já rotineiras no âmbito de programas como o Programa de Desenvolvimento Rural, PDR 2020”. Defende que o Orçamento de Estado para 2020 (e seguintes) também deve “prever uma verba significativa, e não sujeita a ‘cativações por parte do ministério das Finanças e do Governo, para rever, fazer a manutenção e a continuação – eficazes – da ‘Obra do Mondego’ nas suas várias vertentes e, em especial, para o seu aproveitamento agro-alimentar, tendo sempre em conta a maior segurança para pessoas e bens”.
Estes são alguns dos temas que vão estar em discussão, na reunião de hoje. No programa divulgado, entre outras medidas, a ADACO defende que as ajudas com 100 por cento a fundo perdido devem ser até aos 10 mil euros por exploração, em vez dos estipulados cinco mil; e que nos projetos PDR 2020 ou outros institucionais a elaborar para prejuízos acima dos 10 mil euros as percentagens e escalões a definir para os financiamentos públicos devem ser adequados à dimensão da catástrofe, não podendo ficar dependentes das colheitas da exploração estarem no seguro. Reclama, ainda, atribuição de ajudas a fundo perdido pela perda de rendimentos, a reposição da ajuda à “Eletricidade Verde”, apoios para reforço da alimentação animal e a integração do setor hortícola nas “plantações plurianuais”. Considera que, no imediato, o mais urgente é a garantia, por parte do Governo, dos “fundos necessários às obras de limpeza e arranjo de diques, taludes, caminhos de acesso aos campos, instalações elétricas, valas e canais de rega e enxugo, margens e leitos dos rios”.