Há palavras fingidoras que nos beijam.
Há palavras a galope de corsel que nos derrubam,
Subjugam, traem e espezinham.
Há palavras com timbre de confiança,
Que não passam de palavras sem fiança,
Mistificadoras e prenhas de vingança.
Há palavras que são adjectivos
Azedos, que no escuro atacam os substantivos.
Há palavras que são verbos e não porfiam,
E a verdade caluniam.
Há advérbios perversos, indigentes,
Proposições risonhas que mentem e enganam as serpentes.
Em debates, comícios, declarações,
Há palavras animosamente construídas,
Sem dom pronunciadas,
À solta ditas e inflamadas,
Regozijando ódios, venenos e traições,
Que não afeiçoam o povo e banem as devoções.
Afinal que PALAVRAS falam a VERDADE?
Na boca de alguns políticos a VERDADE já não tem propriedade.