O futebol português, em particular, e o desporto nacional, na sua generalidade, atravessam um período desportivo que bem podemos designar como «Hegemonização Benfiquista ou Benfiquização nacional».
Para esta situação contribuíram vários fatores que se podem dividir, basicamente, em internos e externos: Nos internos, ou da direta responsabilidade do clube, contam-se: reestruturação financeira com expansão da marca à escala planetária; liderança forte baseada na experiência profissional dos seus elementos; modelo desportivo assente em parcerias privilegiadas com agentes de futebol de que tem resultado uma extraordinária política de compra e venda de jogadores com qualidade; e dinamização da forte massa social de apoio através das Casas do Benfica.
Organizado internamente o SLB beneficiou, em paralelo e nos últimos anos de um conjunto de fatores externos: a instabilidade reinante nos principais rivais, com caos financeiro e desportivo no SCP, e fim de ciclo no FCP com erros grosseiros de administração; proteção mais ou menos encapotada de franja significativa de órgãos de informação, jornais, rádio e televisão; e ação preponderante e eficaz junto dos centros de decisão – políticos, judiciais e desportivos.
Foi desta forma abreviada que, a meu ver, o SLB conseguiu tomar a liderança desportiva nacional, ultrapassando o seu grande rival, o FCP. Fica por apurar o peso de opções menos corretas e aparentemente decisivas, como as denunciadas pelo hacker Rui Pinto – a merecerem tratamento menos parcelar por parte da justiça e que poderiam conduzir à tão desejada verdade desportiva… e não só!
Apesar desta hegemonia o SLB não se tem imposto na Europa do futebol como os seus adeptos desejam e esperam. E dificilmente o conseguirá se o desporto mantiver esta rota. Precisa de um campeonato competitivo onde 2/3 equipas lutem pelo título até final e lhe façam frente. Precisa de vários jogos de elevado nível de dificuldade como aqueles que o FCP lhe coloca apesar da crise que atravessa. Precisa de não chegar ao fim da primeira volta com apenas uma derrota e 7 pontos para o segundo classificado.
Para muitos benfiquistas, que se guiam mais pelo coração do que pela razão, vencer o campeonato em ritmo de passeio é tudo quanto ambicionam – e um momento soberbo de ajustar contas em democracia, destilando ódios e alimentando vinganças.
Atrás de tempos outros tempos virão. Que os novos ciclos nos conduzam a períodos anti hegemónicos, sem partidos únicos e clubes do regime. Eu quero, por exemplo, a Académica na 1.ª Divisão, e o Braga ou Guimarães campeão nacional. Fazia bem ao desporto, fazia bem ao espírito antidemocrático e bafiento que se instalou nos bastidores do desporto português.