25 de Abril de 2025 | Coimbra
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Orlando Fernandes

A economia e a realidade

7 de Outubro 2022

A Polónia e a Hungria foram os últimos dois países a ultrapassar Portugal no rendimento per capita em paridade de poder de compra. Dos países do alargamento, apenas cinco ainda se encontram atrás de nós, e já com a Roménia a espreitar-nos muito de perto, a um ponto percentual.

O rendimento per capita português desceu de 91% da média da União Europeia (UE) a 28, em 2004, ano do alargamento, para 74% em 2021; nesse período, o da Roménia subiu de 33% para 73% da média europeia. Factos.

A última justificação oficial ouvida foi a de estarmos longe da Alemanha, enquanto os países do Leste estão próximo – pobre disfarce do verdadeiro motivo, as políticas públicas erradas em que o governo vem insistindo. E quando se poderia crer num reavivar do Programa do Governo, do Orçamento ou do PRR, que algo mudasse, tudo ficou igual.

O governo continua as políticas económicas, energéticas e ambientais que trouxeram gigantesca despesa pública, recordes da carga fiscal, uma das maiores dívidas públicas do mundo e a energia mais cara da Europa cada qual de per si, e no seu todo, forte entrave ao investimento e à reorganização empresarial, à competitividade e ao normal fluir da economia.

Políticas que desde 1995 não conseguiram potenciar um crescimento do PIB superior aos fundos europeus recebidos, sinal de quem, sem eles teríamos mesmo regredido. E o futuro não se antevê melhor, já que as projeções de Bruxelas do ano passado, confirmadas pelas mais recentes do FMI, mostram a economia portuguesa com a pior recuperação para 2023 e crescimento abaixo da média europeia.

Mantendo o essencial das políticas, não é o novo-velho Programa do Governo que vai corrigir a situação. Nem o intocado PRR, que deveria relançar a atividade económica, mas se tornou mais um Plano para o Estado e a Administração Pública, concretização do pensamento governamental da primazia do Estado na condução da economia.

Encerrado em caverna idêntica à tão bem descrita por Platão, o governo confunde sombras com a realidade e geografia com economia, e não consegue ver que os países do alargamento seguiram, políticas públicas muito distintas, de que a muito mais baixa carga fiscal e a dívida pública com um valor médio de 60% do PIB só por si são um bom exemplo.

Não estamos longe da Alemanha; estamos é longe de boas e adequadas políticas públicas.

 

 


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