7 de Novembro de 2025 | Coimbra
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105 anos de “O Despertar” – um percurso longo e honroso

4 de Março 2022

“O Despertar” está de parabéns. O nosso “velhinho” mas rejuvenescido jornal completou anteontem, 2 de março, 105 anos, um percurso longo e honroso que só nos pode orgulhar a todos.

Publicamos hoje a edição comemorativa destes 105 anos e, como sempre fazemos, não podemos celebrar mais um aniversário sem recuarmos no tempo, sem “regressarmos” àquele ano de 1917, quando um grupo de amigos teve a ousadia de trazer à estampa um novo jornal.

Nascia então “O Despertar” que prometia “empenhar o melhor dos seus esforços” em defesa de Coimbra e da região. Sem medo, assumia-se como um periódico “simples”, “despretensioso” e “humilde”, sem certezas de como seria recebido mas determinado a traçar a “áspera estrada do dever”, a confiar no futuro e a, se assim tivesse que ser, “morrer com honra”.

Decorridos 105 anos, o “modesto jornal de província” que, naquele dia 2 de março de 1917 se apresentou à “encantadora” e “formosa princeza do Mondego”, cá continua, com a mesma humildade de sempre, a construir o seu caminho, apesar das adversidades e dificuldades que vão surgindo no seu percurso. E foram muitas as que teve que enfrentar ao longo da sua história, tanto num passado mais longínquo, como no passado recente e também no presente. A pandemia da covid-19, que há dois anos surpreendeu o mundo e que continua ainda a afetar a vida de todos, é um claro exemplo disso. Hoje, não podemos deixar de fazer também aqui uma reflexão que não gostaríamos de fazer – sobre a guerra que a todos preocupa. “O Despertar” nasceu em plena primeira Guerra Mundial e celebra agora 105 anos num momento em que o mundo tem os olhos postos na guerra na Ucrânia. A Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada de quinta feira, há uma semana, dando assim início a uma guerra que, apesar de parecer anunciada, todos ansiávamos para que não se concretizasse. Trata-se, como têm afirmado os especialistas, do período mais negro na Europa desde a II Guerra Mundial…

Estas são preocupações recentes mas muitas outras haveria para evocar nestas páginas. O que queremos evidenciar, acima de tudo, é que, por mais difíceis que alguns tempos tenham sido, “O Despertar” nunca sucumbiu e, 105 anos depois, aqui se mantém, continuando a chegar todas as semanas às mãos dos seus Assinantes, Anunciantes, Leitores e Amigos.

Decorridos 105 anos aqui se mantém, nunca tendo interrompido até hoje a sua publicação e orgulhando-se de integrar o grupo restrito de cerca de três dezenas e meia de jornais centenários existentes em Portugal. Apesar de todas as mudanças sociais ocorridas ao longo da sua história, foi conseguindo ultrapassar as dificuldades surgidas, fruto do trabalho incansável de todos aqueles que fizeram e fazem parte deste projeto, desde as várias Direções, aos muitos Colaboradores, sem esquecer os seus Assinantes e Anunciantes.

Nasceu na Baixa de Coimbra, na Rua Pedro Rocha, a caminho do Pátio da Inquisição. Foi aí que se manteve até bem perto dos 100 anos, com as oficinas abertas e apelativas, que despertavam a curiosidade daqueles que por aquelas ruas se deslocavam. Nos primeiros meses de 2015, mudou-se para a Rua Adriano Lucas, na Estrada de Eiras, onde se mantém até hoje. Mas, esse elo umbilical com o “coração” da cidade será eterno. O edifício onde funcionaram as oficinas e a redação está hoje completamente renovado e acolhe outro tipo de atividades. Mas a memória e a história d’ “O Despertar” perduram naquelas paredes, tendo sido preservadas na sua fachada as placas evocativas de alguns dos momentos marcantes do seu percurso, como as celebrações dos seus 50 e 75 anos.

Os 100 anos foram já assinalados nas atuais instalações. É certo que parece que foi ontem mas já lã vão cinco anos… E nestes cinco anos, para além das celebrações de cada aniversário, há mais um marco muito importante que não podemos esquecer – o lançamento, em abril do ano passado, do livro “O Despertar – Um Século de História, 1917-2017 [Pessoas, Factos e Causas]”, uma edição da Câmara Municipal de Coimbra, da autoria do historiador João Pinho.

Hoje é dia de recordarmos estes momentos na certeza de que são apenas alguns de muitos que mereceriam ser aqui evocados. É também dia de honrarmos e homenagearmos todos aqueles que fizeram parte da história do jornal, desde as reuniões preparatórias para trazer “O Despertar” a público até aos dias de hoje. Seriam muitos para os enumerarmos todos aqui mas há nomes que não podem ser esquecidos, a começar pelo seu fundador, João Henriques, e pelo filho, Mário Henriques, que lhe sucedeu após a sua morte mas que acabou também por falecer cedo. Quando se temiam anos difíceis, António de Sousa tomou conta do “leme” e o jornal acabou por se manter na família Sousa até inícios de 2008. Os filhos, António, Armando, Artur e Lúcia, deram-lhe sequência, com o jornal a envolver toda a família, incluindo o neto, Fausto Correia, que era seu Diretor quando faleceu, a 9 de outubro de 2007. Após a sua morte, Lino Vinhal mostrou que a amizade é um compromisso que vai para além da vida e manteve vivo o jornal, como era desejo do amigo. A ele se deve a continuidade de “O Despertar” que chegou, na quarta feira, orgulhosamente, aos 105 anos! Estão, portanto, dados já os primeiros passos rumo aos 106…

Zilda Monteiro


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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