A produtividade de Portugal pode aumentar consideravelmente se se duplicar o número de empresas inovadores que colaboram com as universidades, defende o vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa, Pedro Saraiva, que já desempenhou cargo idêntico na Universidade de Coimbra.
De acordo com Pedro Saraiva, que também já foi presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR Centro) e que na quarta-feira irá defender esta tese no encontro “Universidade: Chave para o Futuro”, “Portugal até não compara mal face a outros países se se tiver em consideração as respostas dadas e trabalhadas pela OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]”.
De acordo com estes dados, cerca de 50% das empresas portuguesas produzem inovação, mas onde Portugal baixa é na percentagem de empresas que o fazem em articulação com as universidades, que será menos de 10%.
O encontro “Universidade: Chave para o Futuro” realiza-se no ISCTE, em Lisboa, na quarta-feira.
O encontro é organizado pelo ISCTE em parceria com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas – CRUP, a Comissão dos 50 anos do 25 de Abril e a RTP, tendo o alto patrocínio da Presidência da República.
O também antigo deputado do PSD notou que as pequenas e médias empresas (PME) portuguesas precisam das universidades para aumentarem a sua produtividade.
“Este afastamento [entre empresas e universidades] pode ser um dos fatores que ajuda a explicar o recuo de produtividade relativa que Portugal registou nos últimos anos. Esta regressão podia ter sido evitada se, quer do lado das empresas, quer do lado das universidades, tivesse havido vontade de interagir ainda mais, de desatar nós, de investir no trabalho em conjunto”, explicou.
De acordo com Pedro Saraiva, há alguns exemplos muito positivos que sustentam esta sua tese, como o Biocant Park, em Cantanhede, responsável por cerca de 40% do bioempreendedorismo nacional, ou as parcerias da Bosch com a Universidade do Minho, que são traduzidas em 165 milhões de euros em investimentos e 750 postos de trabalho.
O Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, ou o recente reconhecimento da Universidade Nova de Lisboa enquanto “Young Entrepreneurial University of the Year” também surgem nos destaques de Saraiva.
Para este professor catedrático, “nestes últimos 50 anos houve imenso progresso feito no modo como a sociedade e as universidades se interligam”.
“Mas importa agora dar novos passos de aprofundamento e evolução nos modos de relacionamento entre universidades, empresas e outras organizações”, sustentou.
Pedro Saraiva está presente no painel com o tema “Articulação entre a Produção de Conhecimento, a sua Difusão e Transferência para a Sociedade”.