25 de Setembro de 2023 | Coimbra
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VAI TUDO UNIÃO 1919 – A ALMA É IMORTAL

2 de Junho 2023

João Pinho

O União 1919 venceu a Divisão de Honra, ascendendo ao Campeonato de Portugal. Um pequeno feito, que engrandece, não só a própria instituição, mas também, a cidade e região. Em simultâneo constitui uma prova de resiliência: em 2021/2022 o clube havia já conseguido o acesso para disputar o Campeonato de Portugal.

            Estão de parabéns todos aqueles que materializaram o sonho: atletas, dirigentes, staff, patrocinadores, adeptos e claque “Rambos da Arregaça” – sendo de salientar a capacidade de liderança protagonizada pelo presidente e ex-atleta Fernando Soares.

            A alma do antigo Clube de Futebol União de Coimbra, submerso em questões jurídicas, terá contribuído, certamente, para este feito. Renascido o clube, com outra designação, mas tendo ao leme homens portadores do antigo adn, foi possível definir e concretizar objectivos, de forma justa e inquestionável.

            O União 1919 é hoje o herdeiro legítimo e universal do CFUC, tal como este o foi do  União Football Coimbra Club – fundado por um grupo de jovens ligados ao comércio e indústria da cidade.

            É, pois centenária a história deste clube, que atingiu em 1972 o seu ponto mais alto: vencendo a zona norte da 2ª Divisão, garantindo a subida histórica à 1ª Divisão Nacional,  sob comando de Francisco Andrade, sagrando-se, também, campeão nacional da 2.ª Divisão, conquistando o primeiro título nacional do seu palmarés.

            Embora jogue, atualmente, no Estádio Municipal Sérgio Conceição, a realidade é que o União 1919 se liga, de forma umbilical, ao velho campo da Arregaça, também designado como campo Arantes e Oliveira – gerido pela Câmara Municipal (por vezes mal, muito mal, diga-se, no que toca a  limpeza das zonas verdes, por exemplo).

             Neste espaço, hoje destinado à formação, está, de certa forma, o embrião do que poderá vir a ser uma academia de talentos, assim se concretize a projetada requalificação, mais do que necessária, se atendermos às condições em que  as atuais instalações se encontram.

            Esta questão remete-nos pois para as necessidades atinentes ao crescimento: infraestruturas, recursos humanos e financeiros, que permitam ao União 1919 continuar a crescer de forma sustentada, a partir da sua essência – um clube histórico de Coimbra, com profundas raízes  na baixa, bairrista, ligado aos antigos futricas, de certa forma um contra poder, ou contra corrente, à Associação Académica de Coimbra, o seu eterno rival, mais ligada à alta e aos meios académicos universitários.

            Na verdade a cidade necessita de rever o seu pensamento e posicionamento em face dos clubes, em especial dos mais representativos. Exige-se mais equidade, transparência e igualdade de tratamento. Talvez seja altura de rever a política de apoio municipal às associações e instituições. A ausência do presidente da edilidade na Gala do clube, nos finais de 2022, bem como de representantes de outros partidos, foi notada com certa estranheza, ao contrário de vários elementos da coligação, incluindo o vereador do pelouro, Carlos Lopes, que marcou presença.

            Por outro lado, torna-se urgente que Coimbra cresça do ponto de vista desportivo. É sabido que a Federação Portuguesa de Futebol comparticipa com 50% a criação de cidades desportivas. A Guarda vai construir a sua, e muito bem, em Celorico da Beira, dinamizando um território de baixa densidade. Outras cidades estão a mexer-se para tal fim, que é do interesse colectivo. E nós por cá, como estamos? Ninguém sabe.

            O caminho fica longe, como um dia escreveu Vergílio Ferreira, mas só fazendo esse caminho, por vezes das pedras, será possível recolocar-mo-nos no patamar que desejamos. Que desejamos e merecemos, pela grandeza da nossa História, Memória e Identidade. Seria benéfico, inclusivamente, para o próprio futebol, que Coimbra emergisse, como outrora, no panorama desportivo nacional, figurando nas principais ligas, encurtando assim a distância para os dois principais polos do futebol nacional: as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

            O União 1919 já deu um significativo contributo, com muito sacrifício e de forma abnegada. Têm agora a palavra, não só o próprio clube, mas sobretudo a cidade e região.

            Vai tudo União! Pois tudo vale a pena quando a alma não é pequena!


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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