A União de Freguesias (UF) de Souselas e Botão continua a ansiar por uma melhor rede de transportes públicos. Apesar da garantia da Câmara de Coimbra de que está a trabalhar no sentido de fazer chegar as carreiras dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos (SMTUC) à zona norte da cidade, continuam a não haver previsões de quando tal sucederá.
O presidente de Souselas e Botão, Rui Soares, lembra que, em reuniões realizadas com responsáveis da autarquia e dos SMTUC no início do ano, lhe foi assegurado que este reforço está a ser tratado. “Foi-nos dito que tinham que comprar mais autocarros e definir os percursos e apontaram para maio/junho como datas possíveis para termos cá os autocarros”, recorda, lamentando que não haja “qualquer dado novo até ao momento”.
Nesta fase, com o regresso dos alunos do 11.º e 12.º anos às escolas, as carências são ainda mais evidentes, uma vez que, como sublinha o autarca, os horários e carreiras existentes não se coadunam com as necessidades dos estudantes. “Na situação atual não estão a circular todos os autocarros habituais mas, mesmo que estivessem, era preciso fazer muitas readaptações, uma vez que há jovens que só têm aulas de manhã ou de tarde e que, usando os transportes públicos, são obrigados a sair de casa muito cedo, só podendo regressar ao final do dia”, explica.
Para acautelar esta situação, a UF está a assumir os transportes destes alunos. De acordo com Rui Soares, começou por transportar três jovens para a Escola Secundária Avelar Broteto numa das carrinhas da Junta e, perante os “pedidos de ajuda que têm chegado, por conta da incompatibilidade e de horários de transportes com as aulas” ou mesmo pela “inexistência de qualquer transporte”, disponibilizou-se para assegurar esta resposta aos alunos da UF, pedindo por isso aos pais e encarregados de educação que precisem para que contactem a Junta.
“Embora não seja da competência da Junta de Freguesia, mas sim da Câmara, o nosso objetivo é sempre fazer parte da solução e não do problema”, realça, adiantando que o executivo vai fazer “um parceria com uma das instituições da freguesia para assumir esse transporte” e que deu também conhecimento destas dificuldades à Câmara.
Rui Soares lamenta que a chegada dos SMTUC à zona norte ainda não seja uma realidade. “Esta situação não é de agora nem surgiu com a pandemia. Há muito tempo que alertamos para a falta de transportes na freguesia e consideramos que é fundamental que todas as localidades tenham pelo menos um transporte público nas horas de ponta”, defende. Lembra também que não estão em causa apenas as ligações a Coimbra mas sim entre as várias localidades da UF e das freguesias vizinhas, pois “só assim se consegue resolver o problema de mobilidade sentido pela população”.
O vereador da Câmara de Coimbra e presidente do Conselho de Administração dos SMTUC, Jorge Alves, explicou a “O Despertar” que a extensão da rede para a zona norte da cidade “está a ser tratada”, sublinhando, no entanto, que “não houve qualquer compromisso em termos de datas”, já que para que o serviço possa ser implementado nas devidas condições é “preciso acautelar primeiro três questões – realizar o trabalho no terreno, haver autocarros e ter motoristas”.
Jorge Alves diz que “o trabalho está a ser feito e que, assim que esteja concluído, será apresentado à Câmara”. Admite que “a pandemia acabou por atrasar também todos os processos” mas assegura que “a autarquia está a trabalhar no sentido de levar os SMTUC a todo o concelho, reforçando a oferta, sendo a próxima etapa a zona norte”. Diz que este será “um processo gradual”, uma vez que até aos autocarros começarem finalmente a circular há que “lançar primeiro as novas linhas, criar horários, locais de paragens e ter autocarros e motoristas”. Garante que a questão dos horários “será sempre um trabalho feito com as várias freguesias e uniões de freguesia da zona, para encontrar as melhores respostas em função das necessidades da população”.