História, partilha, alegria e muita emoção marcaram as comemorações dos 102 anos do União de Coimbra, agora Clube União 1919. Assinalado a 2 de junho, este aniversário teve um simbolismo ainda mais especial já que, no mesmo dia, tomou posse a nova Direção que assume agora os destinos deste clube que muito tem honrado o desporto e Coimbra e que tem pela frente o grande desafio de continuar a aproximá-lo da sua cidade, impulsionando esta mística que contagia tantas gerações.
Largas dezenas de pessoas reuniram-se no Pavilhão da Palmeira para celebrar estes 101 anos e para felicitar tanto a Direção cessante como a atual. João Trindade, que liderou a equipa que, em tempos difíceis, se uniu para não deixar morrer o clube, foi aplaudido de pé, por diversas vezes, pelos unionistas e convidados que marcaram presença nesta cerimómia.
Na hora de passar as chaves da casa, que entregou ao novo presidente, Fernando Soares (conhecido por todos como Maná), João Trindade não escondeu a emoção ao ver o “seu” clube celebrar 101 anos e ao delegar a continuidade do seu trabalho a esta nova equipa, um grupo jovem que, como frisou, “tem todas as condições para fazer crescer” o União.
“Este é um momento muito importante, de orgulho e exaltação, que vai marcar o nosso clube”, disse, sublinhando que este aniversário tem ainda mais significado por, depois “de alguns anos de tempestade”, se “respirar no União uma acalmia, uma tranquilidade, uma estabilidade que permite crescer e vislumbrar que tem futuro”. Lembra, contudo, que este futuro não está apenas nas mãos da nova Direção mas também dos sócios e simpatizantes, desafiando-os a “a interessarem-se e a apoiarem mais para que não surjam outras tempestades”. Não tem dúvidas que o (ainda) Clube União 1919, que será eternamente o histórico União de Coimbra, “vai continuar a prestigiar a cidade” e a possibilitar a prática desportiva a tantos jovens.
Para o novo presidente, este é “um dos momentos mais felizes” da sua vida. Ligado ao União há 25 anos, onde jogou 10 anos na equipa sénior (sete como capitão) e onde é treinador, considera que a chegada à presidência “é o culminar de um caminho de amor a este clube”. Não escondeu a gratidão que toda a equipa tem pelo trabalho desenvolvido pela anterior Direção, que conseguiu manter vivo o clube e devolvê-lo aos unionistas e à cidade. Com muitos projetos na “manga”, destacou o retomar da Gala Prémios Cruz Santiago, que surgirá com uma nova categoria, a de Prestígio, prémio que será entregue pela primeira vez precisamente a João Trindade. Deu conta também dos muitos desafios que a sua equipa tem pela frente – sendo sua intenção duplicar ou triplicar o número de sócios (atualmente cerca de 500), retomar o futebol feminino e apostar em novas modalidades –, sempre com essa missão de afirmar o União como “um clube de Coimbra, das suas gentes, da sua Baixa, do comércio e da indústria”. Manifestou ainda o desejo de, daqui a três anos, poder “entregar o União como o recebem hoje – limpo e sem dívidas”.
União: um clube que a todos toca
As comemorações dos 101 anos mostraram que a história do União de Coimbra a todos toca, de uma forma ou de outra. O presidente da União de Freguesias de Coimbra, João Francisco Campos, enalteceu a ligação que o clube tem com o território a que preside, tendo estado sediado nas quatro freguesias que deram origem a esta União – Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu. A “forte ligação à Baixa e o que representa para a cidade” foram valores que enalteceu, elogiando “o trabalho fantástico” da anterior Direção e sublinhando que “é muito importante para a cidade que o União renasça e que tenha a força que já teve”.
Francisco Andrade, presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, recordou algumas histórias do União e dos seus jogadores. “Estou convencido que este ramo que nasce de uma árvore centenária vai ser um ramo que vai impressionar muita gente”, realçou.
O presidente da Associação de Futebol de Coimbra, Horácio Antunes, recordou também muitos momentos do passado histórico do clube, como a chegada à 1.ª Divisão, e sublinhou que é muito importante que se continue a “englobar toda aquela alma unionista antiga e ferrenha para continuar a fazer esta obra”. Elogiou também a “estabilidade que João Trindade deu ao União” e desejou sucessos à equipa de Maná que, no seu entender, tem “o conhecimento necessário para continuar a fazer um grande trabalho para que o clube continue a trepar e a subir”.
O vice-presidente da Câmara de Coimbra e vereador do Desporto, Carlos Cidade, recordou os tempos conturbados vividos pelo União, bem como a força que este grupo de unionistas, liderado por João Trindade, teve para reativar o clube. “Foi um alívio para mim, para a Câmara e para a cidade ver que estava ali gente séria, capaz e que queria dar a volta a esta situação. Nada do que está a acontecer hoje seria possível se não fosse toda a dedicação e empenho da equipa liderada por João Trindade”, sublinhou.
Carlos Cidade alertou para a fase difícil que o União viveu, que “ainda não passou”, e apelou aos unionistas que se unam pelo futuro do clube. Disse que “não tem custado nada trabalhar com o União” e espera que o clube possa recuperar a sua designação dentro de poucos anos, sendo certo que importa não esquecer o que o levou a ter que alterar o nome para Clube União 1919.
Sobre a necessidade de mais e melhores instalações, o vice-presidente manifestou a disponibilidade do Estádio Municipal Sérgio Conceição e anunciou que a requalificação da Arregaça, “espaço residente do União”, vai ser integrado no projeto do Centro Desportivo que vai nascer em Celas. De acordo com Carlos Cidade, “quem assumir a gestão deste projeto, que terá várias valências, tem que assumir as obras da Arregaça” que, segundo o estudo prévio realizado pela autarquia, custarão 1,2 milhões de euros.
A festa do aniversário ficou ainda marcada pela assinatura do patrocínio com a empresa Grab&Go, pela homenagem à equipa de futsal pela subida à Divisão Nacional e, naturalmente, pelo momento do cantar dos parabéns e corte do bolo.