21 de Janeiro de 2025 | Coimbra
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Um Despertar inacabado

27 de Setembro 2018

1917 foi um ano marcante do século passado. Destaque para a Revolução Russa e o fim do czarismo, assim como as aparições de Fátima que tanto significam para o mundo católico. Nesse mesmo ano nascia em Coimbra “O Despertar”.

Cem anos é realmente muito tempo. Todavia, os valores que presidiram à fundação do “Despertar” continuam atuais. Combater a miséria moral e material e fazer acordar Coimbra. Ora, passado um século, digam lá se a tarefa não continua inacabada?..

Hoje como ontem, Coimbra precisa despertar de um adormecimento cívico e de uma letargia existencial, que são inaceitáveis e incompreensíveis. Poucas cidades no país têm as condições sociais, culturais e geográficas de Coimbra. Poucas cidades formaram ao longo de séculos e décadas tanta inteligência. Mas, apesar de tudo, muito poucas têm desperdiçado tanto.

Coimbra é única, não apenas em Portugal como no Mundo. Faltam-lhe, porém, elites com abertura, ambição e cosmopolitismo para romper com o atavismo militante.

É neste contexto que a imprensa – e apesar do novo paradigma digital – tem um papel de educação (mais do que apenas informar) essencial para mobilizar esforços; fixar desíginios locais e formar pensamento crítico que coloquem Coimbra num outro patamar de relevância nacional e internacional.

A história de “O Despertar” é uma narrativa de resistência, de sacrifício pessoal e familiar e de tenacidade ética. Este património indelével é uma garantia de que ainda há chão pela frente!

Habituei-me, de criança, a ver chegar em casa, pelas mãos do carteiro que conhecíamos pelo nome, “O Despertar”. Assim como “A Comarca de Arganil”, “O Jornal de Arganil”, “O Jornal de Coimbra”, “As Beiras” entre outros. Nunca faltou o que ler. Cidadania, educação e pensamento crítico constroem-se assim. Havia um sagrado e diário ritual de leitura transmitido de avós para netos. No meu imaginário e no que sou, hoje, devo-o em grande medida a quem por décadas foi construindo essa imprensa.

Obrigado, Despertar!

RICARDO CASTANHEIRA (diretor da Motion Picture Association – América Latina)


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