14 de Janeiro de 2025 | Coimbra
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VASCO FRANCISCO

Um conto de Natal

21 de Dezembro 2018

O silêncio ia imperando pela aldeia, calando tudo e todos ao ritmo da escuridão. Lentamente o frio tomara conta de todos os quelhos. O velho Xico andava ainda pela rua de candeia na mão. “-Anda para casa homem de Deus!” exclamou-lhe alguém de um estreito postigo que dava para o pátio onde se erguia uma grande parreira, agora nua de folhas. Mal entrara em casa a sua neta logo o convidou a sentar-se junto da funda lareira onde nas negras panelas de ferro já fervia o caldo para a ceia.

“-Meu avô, hoje na escola a professora disse que havia de dar alguma coisa ao “pobre da ladeira”, aquele que se vai sentar todos os domingos à porta da igreja, mas que lhe hei de eu dar meu avô, se tão pouco temos.”

“- Levas-lhe um naco de broa, da que nos sobrar, mas não é o que lhe matará a fome. O que conta é a tua intenção piquena…”

Sua avó, que ali se aquecia ao borralho vigilante da ceia, enquanto remendava um velho avental, pegou na sua neta ao colo e trouxe-a diante da janela.

“Minha querida, aqui no alto da serra, todos nos conhecemos, sabeis o nome de todos, mas vedes além – dizia apontando para os lados do poente – Ali é a grande cidade, a velha Coimbra, onde vês as luzinhas, por ali andam muitos pobrezinhos. Não há pão que chegue para tantos que para ali estão além do rio. Não são só pobres de alimento, mas pobres de alma. O melhor que darás ao “mendigo da ladeira”, é o teu sorriso, um grande sorriso dessa tua carita…”.

Seremos sempre recordados pelo melhor que deixarmos no mundo, uma simples atitude, nem que seja um sorriso.

A todos os colaboradores e leitores um Santo e Feliz Natal…


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