A União de Freguesias (UF) de Coimbra está contra a deslocalização de duas das estátuas mais emblemáticas de Coimbra – “Guitarra de Coimbra” e “Tricana de Coimbra” – e acusa mesmo a Câmara de estar “a mentir”.
A escultura “Guitarra de Coimbra”, da autoria de Celestino Alves André, está há sete anos localizada no largo junto ao Arco de Almedina. Vai agora ser mudada, pela autarquia, para o Quebra Costas, onde se encontra a estátua da “Tricana de Coimbra”, da autoria de Alves André, que, por sua vez, passará para o Largo da Sé Velha.
O presidente da UF, João Francisco Campos, alertou para o sucedido na última Assembleia Municipal e diz agora, em comunicado enviado, que a Câmara “mente quando diz que a escultura ‘Guitarra de Coimbra’ foi retirada por motivo de obras”, acrescentando que “não há qualquer obra junto ao arco de Almedina”. Diz também que esta situação não foi articulada com o escultor, que disse à UF que “as estátuas eram de quem as tinha pago – no caso o povo de Almedina e isso mesmo tinha transmitido à Câmara Municipal de Coimbra, nunca tendo articulado seja o que fosse”.
João Francisco Campos afirma ainda que “nunca a UF de Coimbra fez parte do processo de alteração da localização das estátuas ‘Guitarra de Coimbra’ e ‘Tricana de Coimbra’”, nem “nunca o povo de Almedina foi ouvido”, não aceitando essa mudança.
Da mesma forma, a UF diz não entender “a retirada da estátua ‘Guitarra de Coimbra’ por aquele que é o motivo verdadeiro – abertura do Centro de Arte Contemporânea de Coimbra e falta de enquadramento da estátua com a exposição”.
A Câmara explica que o motivo destas mudanças se deve às “várias intervenções de requalificação urbana que estão e vão decorrer na zona entre o Arco de Almedina e a Sé Velha”, sendo que a mudança irá acontecer assim que estiverem “concluídas as obras de reabilitação e valorização desta zona da cidade, classificada como Património Mundial pela UNESCO”. Considera, ainda, “ter apresentado as melhores soluções para as novas e dignas localizações destas esculturas, tanto que foram aceites pelo escultor, mas já transmitiu à União das Freguesias de Coimbra, a 25 de junho, que está, naturalmente, disponível para considerar/acordar outras que entendam mais adequadas, aguardando neste momento resposta a essa comunicação”.
No comunicado divulgado, o executivo da UF exorta a vereadora da Cultura a “retratar-se das afirmações que fez, a pedir desculpa ao povo de Almedina e a ter a coragem de devolver ao seu legítimo local o que retirou”. Acrescenta também que, “caso isso não aconteça, a União das Freguesias de Coimbra reserva-se ao direito de: tornar pública todas as comunicações entre a Câmara Municipal e UF sobre este assunto e adotar outras medidas, inclusive judiciais, para que este «roubo» ao povo de Almedina não seja concretizado”.