O concelho de Coimbra apresenta realidades muito distintas a nível de transportes públicos. “O Despertar” ouviu o que cada um dos 18 presidentes de Freguesia e Uniões de Freguesia (UF) do concelho tem a dizer sobre este tema que a alguns tanto preocupa e que tantas reclamações tem levantado. Deste balanço, é evidente que, nesta matéria, os transportes estão a funcionar a duas velocidades no concelho – os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) funcionam bem apesar de serem necessários alguns ajustes pontuais; já a Transdev está longe de corresponder às necessidades das pessoas, situação que piorou com a pandemia, com muitos horários suprimidos e muitas pessoas a não terem como se deslocar para os seus trabalhos. Apesar das realidades diferentes, há uma luta que é comum a todas as Freguesias e Uniões – todas querem ter as carreiras dos SMTUC a servir os seus territórios. Em resposta a este apelo, Câmara e Administração dos SMTUC asseguram que estão a trabalhar para que esta seja uma realidade tão breve quanto possível.
UF Souselas e Botão “desespera” por melhores transportes
A UF de Souselas e Botão “desespera” por melhores transportes públicos. Ter uma melhor cobertura nas várias localidades tem sido uma luta do executivo, liderado por Rui Soares, que anseia ver a população com facilidade de mobilidade, tanto dentro da própria UF como para as freguesias vizinhas.
“A única localidade que está bem servida é Sargento Mor, que tem autocarros desde as 7h00 às 24h00. Todas as outras estão mal servidas”, alerta, acrescentando que a ambição é ter “autocarros a circular em todas as localidades da UF nesse período, seja dos SMTUC ou da Transdev”.
Para Rui Soares não é importante ter “autocarros de hora a hora”. Importa sim “ajustar a resposta às necessidades, até porque há localidades onde basta alguns em horários chave, como de manhã, à hora de almoço, meio da tarde e ao final do dia”.
Recorda que teve uma reunião com representantes dos SMTUC e da Câmara em finais de janeiro, onde ficou delineado o que seria feito na UF nesta área dos transportes. Lamenta “a falta de informação” e os atrasos, situação que “está a penalizar fortemente a população”. De acordo com o autarca, nessa reunião “ficou acordado que a linha de Sargento Mor passaria a seguir para Zouparria do Monte, posto de saúde de Souselas, Ribeiro, Fornos e Coimbra, enquanto a do Ribeiro de Vilela fazia o percurso inverso”. Seriam introduzidas “mais duas linhas – uma que fazia o trajeto do Ribeiro de Vilela, seguia para Souselas e Marmeleira, onde invertia a marcha, descia a S. Martinho do Pinheiro, Zouparria do Monte e, nos semáforos, em Sargento Mor, ia para os Fornos, Adémia e Coimbra, pela estrada nacional; e outra no sentido inverso”.
Apesar de ser importante, esta resposta continuaria a não servir toda a UF. Rui Soares entende que “não há necessidade de todas as linhas fazerem Coimbra”, defendendo que era importante “ter autocarros a ligar as várias localidades da freguesia, podendo mesmo ser veículos mais pequenos que permitissem depois fazer o transbordo para outras direções”.
“Estou apenas a dar sugestões. A Câmara e os SMTUC é que têm os especialistas para fazerem os estudos e verem se isto é realizável, se é funcional e ao mesmo tempo económico”, esclarece, acrescentando que a intenção do executivo “não é ter autocarros a circular vazios e a gastarem dinheiro mas sim que se adaptem às necessidades reais das pessoas”.
Apesar da UF ser servida pela Transdev, a resposta está longe de ser a necessária e, neste cenário provocado pela pandemia, não serve as pessoas, havendo percursos e horários que não estão a ser feitos. O presidente dá como exemplo Lagares e a Mata de S. Pedro, onde as pessoas têm que andar quilómetros a pé para chegarem aos transportes públicos, seja às carreiras da Transdev ou ao comboio.
Certo de que o desenvolvimento da UF depende de uma melhor rede de transportes públicos, alerta também para a importância que tem a nível social. “As situações de carência têm aumentado neste cenário provocado pela Covid-19 e há pessoas que estão a ser apoiadas que só não aceitam trabalhos porque não têm transportes. Não tendo carro próprio, não podem, por exemplo, trabalhar por turnos porque depois das 18h30/19h00 não têm como regressar a casa”, lamenta.
Por outro lado, há também a questão da socialização. “Não podemos aceitar que uma pessoa com alguma idade que não tenha transporte próprio tenha que estar dependente dos filhos para ir à farmácia, ao médico ou às compras. Isso até em termos sociais e psicológicos é negativo. Todos sabemos que o facto de as pessoas saírem de casa, conversarem e conviverem é positivo e faz bem à saúde”, frisa.
Espera, por isso, que esta situação dos transportes se “possa resolver rapidamente, para bem de todos”, não escondendo que a grande ambição da UF é ter os SMTUC a circular neste território, com “uma resposta integrada que vá ao encontro das necessidades das pessoas e que possibilite o desenvolvimento da freguesia”.
Carências agravam-se em Brasfemes
As carências a nível de transportes públicos estão a agravar-se na Freguesia de Brasfemes. O presidente, João Paulo Marques, assume que há muito que a resposta da Transdev era insuficiente mas que agora sofreu um agravamento profundo fruto da pandemia, com a operadora “a suspender carreiras, a não disponibilizar os horários que está a praticar e com as pessoas a não conseguirem perceber quando é que têm ou não transporte”.
O presidente assume que “as reclamações são muitas” e lamenta que “as pessoas estejam a ser profundamente afetadas”, não podendo contar com os transportes públicos neste contexto, uma vez que “não sabem se têm autocarros para ir ao para voltar”.
Considera que, já antes da pandemia, os horários eram “manifestamente insuficientes”, respondendo bem a “quem trabalha das 9h00 às 17h00” mas não correspondendo às necessidades da restante população ativa, idosos e estudantes que, “mesmo que só tenham aulas às 10h00 são obrigados a apanhar o autocarro das 07h00”.
A população idosa tem grandes dificuldades para ir ao médico ou aos tratamentos. “Precisam pelo menos de um autocarro a meio da manhã e outro a meio do dia. As pessoas têm que ir ao Centro de Saúde a Eiras e não é fácil ter resposta sem ter que esperar muito tempo pelo transporte”, sublinha.
João Paulo Marques lembra também que “a freguesia não é só o centro mas sim todas as localidades que a compõem” e considera “fundamental que haja uma rede que as interligue e que satisfaça as necessidades das pessoas”. Lagares e Pereira são duas das localidades que, segundo o presidente, não dispõem de qualquer carreira, encontrando-se também Bostelim muito deficitário, com apenas um autocarro de manhã e outro ao final do dia.
“Parece que só aqueles que têm carro é que têm direito à vida. Não podemos aceitar isso nem compreendemos que possa haver um retrocesso de 30 anos nesta questão dos transportes”, frisa.
Brasfemes é uma das freguesias que anseia também pela cobertura dos SMTUC que, para já, chegam apenas à “entrada”, a Vilarinho. “O nosso desejo é ter os SMTUC em Brasfemes mas, honestamente, já não acredito em promessas. Há muito tempo que se diz que se vai expandir, é sabido que a Transdev não nos serve convenientemente e há muitos anos que andamos a pedir à Câmara para que estenda os SMTUC à zona Norte, que está tão penalizada em relação aos transportes públicos”, realça.
Considera que há ajustes que poderiam ser feitos em algumas linhas que beneficiaram muito a população. “Por exemplo, bastavam mais cinco minutos para a carreira 25 vir a Brasfemes. Os cinco minutos de espera que faz em Vale da Luz e Casal da Rosa (Eiras e S. Paulo de Frades) eram suficientes para fazer o trajeto até Brasfemes, regressando depois a Eiras, o que já ajudava bastante a nossa população”, esclarece.
As carências a nível dos transportes públicos condicionam o desenvolvimento local, prejudicando todas as faixas etárias. João Paulo Marques diz que no caso dos jovens obriga-os a perderem horas nos ou à espera dos transportes, enquanto na população ativa condiciona as opções em termos de trabalho, já que não assegura resposta a quem trabalhe por turnos, uma vez que a última carreira passa por volta das 18h30, não havendo também oferta aos fins de semana.
“Estamos apenas a oito quilómetros do centro de Coimbra. É urgente repensar e reajustar horários. Há muita gente que depende dos transportes públicos e esta lacuna está a condicionar a economia local”, lamenta, acrescentando que “se a situação já era má antes da Covid-19, agora tornou-se verdadeiramente ‘pandémica’ no que toca aos transportes públicos”.
João Paulo Marques explica que a Transdev “nunca vai deixar de servir a freguesia, porque são carreiras intermunicipais que vêm de Penacova e atravessam Brasfemes”, mas assume que, “estando a freguesia tão mal servida, a ambição é que “a Transdev entre na normalidade e que seja possível conciliar esta oferta com a dos SMTUC”.
Trouxemil e Torre de Vilela: UF com duas realidades distintas
Trouxemil e Torre de Vilela é uma UF a duas velocidades no que toca a transportes públicos. O presidente, Horácio Costa, congratula-se por ver a zona de Trouxemil bem servida mas lembra que a freguesia “não se extingue nesta localidade”, havendo muitas carências “em Vilela e Torre de Vilela”, onde escasseiam os transportes, não existindo mesmo “nenhuma carreira ao domingo”.
“Nas últimas conversações com a Câmara e SMTUC, no início deste ano, foi proposto reforço de carreiras. Foram sugeridos alguns horários essencialmente para Vilela e Torre de Vilela, tendo em vista a extensão da linha de Trouxemil, em que alguns autocarros iam passar por Sargento Mor, Zouparria, Souselas e, então, fariam no retorno o Ribeiro de Vilela e Vilela, reforçando a oferta”, explica o presidente, lamentando a pouca oferta aí existente.
Ao fim de semana a carência é ainda mais evidente, impedindo as pessoas de saírem, caso não disponham de transporte próprio. “As pessoas gostam de ir ao hospital visitar familiares e amigos ou mesmo passear a Coimbra. Não podem fazê-lo ao domingo porque não têm nenhum autocarro”, lamenta.
Servida apenas pelos SMTUC, a UF anseia há muito por um reforço na rede. É uma das freguesias da zona Norte que mantém a expetativa de que estará para breve a melhoria deste serviço. Horácio Costa lamenta que o aparecimento da pandemia tenha provocado, de algum modo, atrasos neste processo. No seu entender, tem-se verificado “vontade da Câmara e das entidades competentes em resolver esta situação e em ouvirem as preocupações da zona Norte relativamente aos meios de transporte”.
Depois da melhoria da rede na zona Sul, acredita que a Câmara “irá agora ajustar a resposta” nesta zona e espera que essa “maior oferta chegue rápido para benefício de toda a população e deste território que, apesar de estar a escassos quilómetros do centro, continua a ter uma oferta muito deficiente”.
Horácio Costa lembra que com o encerramento do Instituto Educativo de Souselas aumentou a procura sem que tivesse havido reforço no número de carreiras, o que leva a que, no período escolar, os autocarros andem completamente cheios nas horas de ponta. Alerta também para a necessidade de novos horários, que permitam uma maior flexibilidade nas deslocações. “A seguir ao almoço, por exemplo, não há oferta, o que não permite que os alunos possam almoçar na escola antes de regressarem a casa. Por outro lado, alguns têm que andar a correr para conseguirem apanhar o autocarro e, caso isso não aconteça, têm que ficar horas à espera de outro”, explica .
A necessidade de mais horários prende-se também com a população ativa que a partir das 20h00 deixa de ter autocarros a circular. “Quem tenha que trabalhar durante a noite ou por turnos tem grandes dificuldades porque depois das 20h00 deixa de ter qualquer resposta em termos de transportes públicos”, lamenta.
Há ainda outro problema a resolver nesta área. Horácio Costa explica que muitas das pessoas que se deslocam nos autocarros têm que apanhar mais do que um até chegar ao seu destino, uma situação que obriga a que saiam de casa com horas de antecedência e percam muito tempo nas deslocações, tanto na ida como no regresso. Considera, por exemplo, que devia haver um autocarro entre as 07h00 e as 08h00, já que nesse período não há nenhum, bem como deviam ser feitos “outros ajustes em termos de horários, porque não se justifica que as pessoas tenham que estar horas à espera, muitas vezes em paragens que nem sequer têm abrigos”.
Vil de Matos bem, Antuzede preocupante
Antuzede e Vil de Matos é uma UF que tem duas realidades muito distintas no que toca a transportes públicos. Enquanto Vil de Matos está bem, a zona de Antuzede viu as carências “agravarem-se drasticamente”. O presidente, Diamantino Jorge, considera que, nesta área, “tudo está mal em Antuzede, tendo-se a situação – que já não era boa – agravado com a Covid-19”, com a “anulação de algumas carreiras e os autocarros a circularem superlotados”.
Nas horas de ponta, sobretudo de manhã, as carreiras já chegam a Antuzede cheias. Como a Direção Geral de Saúde impõe restrições no número de utilizadores, a população acaba por ser “gravemente penalizada porque quando os autocarros chegam a esta localidade já vêm na sua lotação máxima, os motoristas não deixam entrar mais ninguém e as pessoas acabam por ficar em terra”.
Para piorar, foram também suspensos todos os transportes aos fins de semana, onde havia já somente duas carreiras. “Os fregueses que pretendam ir visitar um amigo ou familiar ao hospital ou têm transporte próprio ou têm que pagar um táxi ou arranjar boleia. Em pleno século XXI, esta é uma realidade inadmissível para uma freguesia que está a cinco quilómetros de Coimbra”, frisa.
Os problemas surgem na zona servida pela Transdev, sobretudo nas localidades de S. Facundo, Geria, Gândara, Póvoa do Pinheiro, Pinheiro e Antuzede, daí que o executivo tenha já “solicitado à Câmara a extensão da rede dos SMTUC a toda a freguesia”. Diamantino Jorge considera que essa medida “iria otimizar o percurso que fazem para Vil de Matos, apanhando os utentes do resto da freguesia, servindo mais pessoas sem que houvesse mais quilómetros, diluindo assim as despesas inerentes aos transportes”.
Lamenta que, até à data, “a UF não tenha sido considerada nessas alterações” e lembra que “são cidadãos iguais aos outros, com as mesmas necessidades e que continuam com este problema grave por resolver”.
Considera que “neste momento a situação é crítica porque as pessoas acabam por comprar os seus passes no início de cada mês e depois não são transportadas” e não têm as necessárias respostas ao final do dia, na altura de regressarem a casa.
Diamantino Jorge explica que fez a reclamação à Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes e à própria Câmara. Em resposta, “a Transdev diz que vai resolver mas até agora continua tudo igual, para grande desespero dos utilizadores dos transportes”.
O presidente diz que já antes da pandemia “os transportes funcionavam mal” e considera que “a escassez de horários é gritante”. “O nosso desejo é que a Transdev melhore o serviço e termos os SMTUC, o mais breve possível, em toda a UF. Os utentes não percebem como é que os autocarros vão a Mourelos, Rios Frios e Vil de Matos e depois não passem no resto da freguesia que é ali mesmo ao lado. Ainda mais podendo a Câmara diluir o custo dos transportes por mais utentes, tirando também os automóveis do centro da cidade”, sublinha.
Apela por isso à autarquia para que “olhe para este assunto com muita delicadeza e muito carinho”, de forma “a melhorar a resposta aos moradores da UF e de toda a margem direita e a estimular o investimento particular e empresarial neste território”.
Freguesia dos Olivais com boas ligações
A Freguesia de Santo António dos Olivais não tem grandes problemas no que toca a transportes públicos. Servida pelos SMTUC, sente que há apenas algumas carências mais na parte rural. O presidente, Francisco Andrade, explica que o único problema “prende-se com as ligações de Casal do Lobo, Serra da Rocha, Rocha Nova e Cova de Ouro”, que carecem de “mais horários de forma a permitir que as pessoas possam vir ao hospital, ao Mercado ou tratar de qualquer outro assunto ao centro da cidade”. Diz que os horários servem bem quem vem para trabalhar mas não satisfazem os restantes, apelando a que sejam feitos “alguns ajustes”, de forma a permitir que as pessoas “possam, por exemplo, vir abastecer-se à cidade de manhã e regressar a casa a tempo do almoço”.
De resto, Francisco Andrade afirma que “a freguesia está bem servida”, mas alerta para um problema recorrente, que se prende com a questão dos estacionamentos abusivos na área dos hospitais, ocupando passeios e estacionamentos de zonas habitacionais.
S. João do Campo com grandes carências
A rede de transportes públicos está longe de satisfazer a população da Freguesia de S. João do Campo. O presidente, Dinis Pereira, está “muito descontente” com a resposta da Transdev que, com o aparecimento da pandemia “suprimiu todas as carreiras aos sábados, domingos e feriados”, tendo também retirado muitos dos horários praticados nos dias úteis, o que deixa as pessoas sem as necessárias respostas.
“Estamos com um péssimo serviço. A partir das 18h00 não temos qualquer carreira a vir de Coimbra o que cria grandes dificuldades às pessoas que não têm como voltar”, alerta.
Dinis Pereira já alertou a Câmara para a urgência de resolver esta situação e lamenta que “a margem direita esteja tão esquecida”. O desejo é ter os SMTUC na freguesia mas o autarca diz que, até ao momento, “não há qualquer promessa” e compreende que há trâmites legais a resolver para que isso possa ser uma realidade.
Mas, enquanto essa possibilidade não surge, apela às entidades responsáveis pelo setor dos transportes públicos para que exijam que os serviços sejam repostos. Lembra que até à Transdev comprar a Moisés Correia de Oliveira “as carreiras funcionavam bem, muito certinhas, com horários eficazes e que respondiam a todos, sem deixar ninguém em terra”. A Transdev manteve o serviço mas, segundo o autarca, “depois começaram a surgir problemas que se agravaram com a pandemia, com a empresa em lay-off e muitas carreiras suprimidas”.
Dinis Pereira lamenta que os utilizadores estejam a pagar os seus passes mensais sem terem um serviço correspondente, tendo que levar carro próprio ou pedir boleia a colegas porque não podem contar com os transportes.
“Não há memória de uma situação assim. Nós em S. João do Campo nunca tivemos problemas, inclusive havia uma carreira da Moisés que saía de Coimbra à 01h00, em frente ao Hotel Astória, que vinha até à Carapinheira. Agora a última carreira sai do Astória às 18h00, portanto todas as pessoas que trabalhem até às 18h00 já não conseguem apanhar o autocarro”, alerta.
O presidente diz que “a freguesia vive uma situação péssima em termos de transportes públicos”, idêntica à que se verifica também em algumas freguesias vizinhas, estando as populações a ponderarem “manifestar-se em frente à Transdev, à Câmara e à CIM”, tendo falado já com representantes da autarquia sobre este problema.
“Não nos podem tirar um bem que todos tínhamos. É inadmissível. Havia cada vez mais pessoas a utilizarem os transportes públicos, porque eram bons e permitia-lhes apanharem o autocarro à porta, sem terem que se preocupar com o estacionamento na cidade. Tudo isto está a penalizar fortemente as pessoas e a própria economia”, sublinha, apelando aos “responsáveis superiores para que ponham ‘mão nisto’ e ajudem a resolver esta situação”.
Eiras e S. Paulo de Frades bem servida
A UF de Eiras e S. Paulo de Frades está, de uma forma geral, bem servida em termos de transportes púbicos, apesar de haver ainda algumas localidades à espera de um melhor serviço. De acordo com o presidente, Fernando Abel Simões, a UF “é servida por transportes públicos com 19 itinerários e que servem os diferentes lugares deste espaço Norte da cidade”.
Diz também que se perguntar aos utilizadores se estão satisfeitos com o serviço, “todos dirão que é insuficiente, porque cada um gostaria de dispor desse serviço à medida das suas necessidades, e sabemos o quanto isso é difícil”.
O presidente explica que há ainda alguns lugares da UF que, até hoje, “não viram contemplados transportes públicos que os liguem de forma mais direta à sede da União, em Eiras, onde muitos fregueses têm que se deslocar para tratar de documentos que necessitam”. Dá como exemplo os moradores do Monte Formoso, dos diferentes Bairros do Ingote, do Bairro de S. Miguel, do Bairro do Brinca e do Loreto, para quem não é fácil “conciliar os transportes públicos para Eiras”.
Fernando Abel Simões realça, ainda, que “alguns trajetos foram corrigidos, sobretudo para ajustar com as escolas”. Enaltece também todo o esforço que a Câmara tem feito para melhorar o serviço dos SMTUC, tendo comprado nos últimos sete anos “uma quantidade considerável de viaturas” e encomendado recentemente “mais cinco que vêm reforçar o parque rodoviário”.
“Se considerarmos que os nossos SMTUC não têm sido subsidiados pelos sucessivos governos, ao contrário do que acontece em Lisboa e no Porto, o esforço do Município tem sido extraordinário”, frisa.
S. Martinho de Árvore e Lamarosa muito mal servidas
A questão dos transportes públicos é uma das principais preocupações da UF de S. Martinho de Árvore e Lamarosa. O presidente, Manuel Veloso, lembra que esta é “a última freguesia do concelho, que liga com Montemor-o-Velho e Cantanhede” e que tem duas realidades distintas, uma vez que “a parte de S. Martinho de Árvore liga com a Estrada Nacional 111, eixo principal Figueira da Foz-Coimbra, o que permite que vá tendo alguns transportes, ainda que com algumas limitações de horários”. Já a parte da antiga freguesia de Lamarosa, que liga com Cantanhede, está “mais deficitária nesta matéria”.
Manuel Veloso explica que esta zona é servida pela Transdev que tem “muito poucos horários disponíveis neste momento”. Lembra que a UF sempre “lutou por mais horários” e lamenta que “aos domingos e feriados não haja sequer uma carreira”. “Um cidadão da minha freguesia que se queira deslocar para Coimbra para um evento nesses dias não tem carreiras. Por outro lado, nos dias úteis, os horários são deficitários. Por exemplo, antes da pandemia o último autocarro saía de Coimbra às 19h15. Não era um horário que satisfazia porque mesmo uma pessoa que trabalhe no comércio da Baixa dificilmente consegue estar às 19h15 na paragem. Mas esta situação ainda é pior agora, com o último autocarro a sair às 18h00”, lamenta.
Manuel Veloso diz que sempre defendeu a existência de um autocarro às 20h00, que desse maior liberdade de movimento às pessoas. Atualmente, este serviço está longe de responder às necessidades da população já que mesmo que tenham autocarro de manhã têm que acautelar outro tipo de transporte no regresso, recorrendo muitas vezes a boleias.
Para além disso, o presidente lamenta que, no momento atual, “as carreiras andem sobrelotadas, sem cumprirem os mínimos de segurança dos passageiros”. Todas estas questões já foram expostas à Câmara, assim como a questão económica já que, como sublinha, os utilizadores dos SMTUC estão melhor servidos tanto em termos de oferta como em termos económicos.
“A Câmara apresentou um conjunto de medidas sociais que aplaudo, como os vários passes sociais, onde inclui estudantes, desempregados e pessoas mais velhas. Tudo isso é muito bom mas gostava de ter também estes benefícios na minha freguesia porque aqui o passe mantém-se nos 35 euros e os restantes não se aplicam”, afirma, lamentando esta discrepância em termos económicos.
Jorge Veloso diz que só quer “uma resposta que sirva minimamente as necessidades das pessoas”, o que não passa por “ter a mesma frequência de autocarros que passam no centro de Coimbra”. Não esconde também a ambição de ter os SMTUC na UF, uma vez que “uma boa rede de transportes atrai pessoas e investimento e é com grande tristeza que vemos que as nossas aldeias começam a ficar desertificadas porque não têm transportes atrativos que façam com que as pessoas venham para cá”.
Ceira bem servida mas ainda com algumas lacunas
Ceira está agora melhor servida em termos de transportes públicos. O presidente, Fernando Santos, considera que “parte da freguesia está bem coberta e não tem falhas” – nomeadamente a parte de Sobral, Vendas de Ceira e Ceira -, com as carreiras dos SMTUC a assegurarem “um bom serviço”.
Os problemas surgem na zona do Carvalho, onde havia uma carreira de manhã e à tarde e que deixou de se fazer. Fernando Santos adianta que os problemas se agravaram também na zona do Cabouco, Boiça e S. Frutuoso, todas zonas “onde se verificou uma redução muito grande no serviço prestado pela Transdev”.
As queixas da população continuam a aumentar e a Junta já alertou a Câmara, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes e a Trandev para esta “insatisfação”. “As pessoas já estavam mal e agora ficaram pior nesta situação de pandemia”, frisa, realçando que os únicos problemas se prendem com as carreiras da Transdev, estando a parte servida pelos SMTUC “muito bem”, tendo sido inclusivamente reforçado e melhorado o serviço no final do ano.
Apesar dessas lacunas, Fernando Santos congratula-se por “todos os lugares da freguesia terem transportes públicos perto de casa”.
Cernache melhor mas ainda com cobertura insuficiente
A Freguesia de Cernache foi uma das que beneficiou com a extensão da rede dos SMTUC à zona Sul do concelho. Apesar de não ter ainda todas as localidades cobertas pelos transportes públicos, está agora bastante melhor. O presidente, António Lopes, recorda que Cernache “nunca teve uma rede de transportes própria, tendo sido servida até aqui pelas operadoras que atravessavam a freguesia”.
A população “há décadas que reivindicava por transportes e defendia que os SMTUC deviam vir também para Cernache”, uma luta que o executivo viu agora conseguida, congratulando-se por ter os autocarros a servir a freguesia. De fora continuam, contudo, os lugares de Vila Pouca e Orelhudo, merecendo também Casa Telhada uma atenção especial, que está servida de forma insuficiente. Segundo o autarca, Vila Pouca nunca teve transportes e Orelhudo tem uma zona coberta pela Transdev que, como lamenta, “neste cenário de pandemia, tem assegurado um serviço insuficiente, o que tem levado a muitas reclamações e obrigando as pessoas a encontrar outro tipo de solução”.
A situação destes lugares está a ser tratada já com os SMTUC, que estiveram no local para analisar o circuito. Como as ruas são muito estreitas, António Lopes assume que “não era muito fácil os autocarros normais irem a Vila Pouca”, tendo sido proposto pelos SMTUC a ida de um minibus para fazer o circuito entre Vila Pouca e Casconha. “Fazia-se um terminal rodoviário para servir Vila Pouca e Orelhudo com passagem pela Barroca, Casal de S. Bento e outros lugares. Esse minibus ia até Vila Pouca várias vezes ao dia, num percurso e horários definidos, que coincidissem com a vinda dos autocarros de Coimbra. A paragem terminal far-se-ia em frente à escola desativada de Casconha e lá apanhava os utilizadores do minibus para Coimbra e vice-versa”, explica.
Tudo isto está definido entre a Junta e os SMTUC mas falta fazer as boxes para os minibus entrarem. O autarca diz que foi contactado pela Câmara porque faltavam pedreiros para realizar esse trabalho que é determinante para que o minibus comece a funcionar.
“Foram muitos anos de reivindicação mas ultimamente tem havido uma aposta no sentido de expandir a rede. As pessoas estão satisfeitas, bem servidas mas é preciso garantir que esta resposta chegue a todos os lugares. As pessoas não têm que andar a tirar o passe bimodal, os horários são aceitáveis e coadunam-se às suas necessidades. Agora só esperamos que possam chegar também rapidamente às localidades em falta”, frisa.
UF Assafarge e Antanhol com carências em alguns lugares
A UF de Assafarge e Antanhol está, no geral, bem servida, havendo apenas dois lugares onde as carências são muito evidentes – Cegonheira e Fontinhosa.
De acordo com o presidente, António Teodoro, “a Cegonheira é servida pela Transdev mas os autocarros não passam com regularidade suficiente, passa um de manhã e outro à noite e, por vezes, nem esses aparecem”, tendo esta situação sido agravada pela pandemia. Sem qualquer autocarro está a localidade de Fontinhosa. Estas carências são do conhecimento da Câmara e, segundo António Teodoro, poderiam ser resolvidas com “alguns ajustes no serviço” assegurado pelos SMTUC.
“A maior parte da freguesia é servida pelos SMTUC. Essa zona está razoavelmente bem servida, mas a partir das 20h00 e ao fim de semana a oferta é muito reduzida, havendo muita carência a nível de horários”, frisa o autarca.
De resto, Assafarge e Antanhol foi uma das freguesias do concelho que viu a rede dos SMTUC ser reforçada no final do ano, havendo agora mais autocarros a circular. “De uma forma geral, posso dizer que onde passam os SMTUC estamos bem. Por exemplo, Assafarge está bem servido porque tem três linhas com horários diversos. As carências maiores são na parte de Antanhol. O nosso desejo era ter toda a freguesia coberta pelos SMTUC e gostaria de ser mais ouvido no que toca a alterações de horários pois considero que era importante fazer aqui alguns ajustes nessa matéria”, sublinha.
O autarca lamenta ainda que depois da vinda dos novos autocarros tenham sido retirados alguns horários sem prévio aviso, o que levou a que “as crianças das escolas estivessem, por várias vezes, cerca de uma hora e meia à espera de outro autocarro, uma vez que o primeiro não veio”.
UF Taveiro, Ameal e Arzila bem servida
A UF de Taveiro, Ameal e Arzila está bem servida em termos de transportes públicos. O presidente, Jorge Mendes, explica que “há apenas duas falhas” nesta área. A primeira prende-se com a linha que ia de Arzila à Lameira, que “já teve mais horários do que tem atualmente”; e a segunda refere-se “a uma das linhas em Taveiro, a de Vila Pouca, que dava uma volta de forma a servir a população da zona da Quinta dos Cunhas pelo menos uma vez de manhã e outra à tarde e que agora deixou de ir”.
“De resto, a nossa UF está muito bem servida em termos de transportes, apesar de, como é evidente, a questão dos horários não agradar sempre a todas as pessoas. Mas, de um modo geral, os nossos transportes públicos estão bem”, assegura o autarca.
Para além das carreiras dos SMTUC, a UF é também servida pelo comboio, que mantém três paragens na freguesia – em Taveiro, Vila Pouca e Ameal.
Cobertura ainda insuficiente em Almalaguês
Apesar de ter vindo a melhorar, o serviço de transportes públicos é ainda insuficiente na Freguesia de Almalaguês. O presidente, António Coelho, congratula-se com a extensão da rede dos SMTUC à freguesia, em dezembro último, mas lembra que há ainda algumas localidades que não estão cobertas pela rede de transportes públicos e há outras que continuam a ser servidas pela Transev que, “devido à Covid-19, não está a cumprir com aquilo que está contratualmente previsto e, neste momento, não está a servir bem a população”.
A nível dos SMTUC, foi alargado o serviço para a zona de Anaguéis, Cartaxo e Abelheira, com continuação depois para Sobral. “Os SMTUC vieram substituir os autocarros que circulavam em Almalaguês, mantendo os horários muito semelhantes aos que já eram praticados. Houve uma substituição de serviço com vantagens indiscutíveis em termos financeiros para as pessoas, porque os SMTUC são muito mais económicos”, realça.
Há ainda localidades que continuam sem resposta, como Casal do Lobo, Portela de Casal Novo, Braçais e Abelheira. Estas são zonas que, segundo o autarca, “não têm nenhum tipo de transporte público”, havendo contudo a promessa de que esta lacuna venha a ser resolvida, de forma a que possam ser servidos também pelas carreiras dos SMTUC.
“Vamos ver como é que isso se pode articular porque são zonas que ficam fora das linhas atuais, que têm que ser criadas de novo. É preciso analisar como é que podem ser criadas e determinar os horários que se adaptem às necessidades das populações. Está em andamento e há já um anteprojeto do traçado. A pandemia da Covid-19 acabou por atrasar o processo mas não está esquecido e continua nos projetos da Junta e dos SMTUC”, sublinha o presidente.
São Silvestre sem respostas mínimas
A Freguesia de S. Silvestre vive, nesta fase, “momentos dramáticos” em termos de transportes públicos. Servida exclusivamente pela Transdev, está a sofrer fortemente com as alterações que a operadora tem vindo a introduzir nesta situação de pandemia provocada pela Covid-19, com parte da empresa em lay-off e muitos horários e carreiras suprimidos, o que está a condicionar fortemente o dia a dia da população.
O presidente da Junta de Freguesia, José Seiça, está “bastante preocupado”, diz que a situação dos transportes públicos “piorou muito” e é de tal “forma má que as pessoas têm que utilizar os transportes próprios para poderem deslocar-se”. Sublinha que “os poucos autocarros que estão a circular já vêm cheios e as pessoas têm medo de os utilizar porque, nestas condições, é impossível cumprir as recomendações da Direção-Geral de Saúde”. Ao fim de semana não há sequer nenhuma carreira, o que causa grandes transtornos e dificuldades a todos aqueles que trabalham nos hospitais, hipermercados e noutras empresas que funcionam por turnos.
José Seiça diz que antes da pandemia os transportes “funcionavam normalmente, com boa oferta e vários horários”. Neste momento, só anseia para que “o serviço seja reposto de forma a satisfazer as necessidades dos utilizadores, que pagam os seus passes todos os meses e estão sem um serviço nas devidas condições”.
Sobre a ida dos SMTUC para a freguesia, José Seiça admite que esse é um desejo de todas as freguesias mas, no caso de S. Silvestre, não acredita que haja condições para isso acontecer ainda este ano. “Gostaria muito que os SMTUC também passassem pela freguesia ou então que se repusessem todas as carreiras que circulavam antes porque, até à pandemia, estávamos muito bem servidos, com transportes a passar praticamente de hora a hora”, realça.
Nesta fase, segundo o presidente, a maior oferta é nas horas de ponta, entre as 07h00 e as 09h00 e ao final da tarde. “Antes havia autocarros até às 24h00, agora o último é às 19h15. Quem sai às 23h00 do hospital ou do Continente já não tem resposta. As pessoas são mesmo obrigadas a vir de transportes próprios”, lamenta.
S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades anseiam por pequenas melhorias
Apesar de bem servida em termos de transportes, a UF de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades anseia por algumas melhorias. O presidente, Jorge Veloso, realça que esta é uma freguesia muito grande, onde “há zonas que ainda não são servidas pelos transportes públicos”. Falta chegar, segundo o autarca, “à zona do Alto Leão e à Rua da Liberdade, na zona de Fala, em S. Martinho do Bispo”.
Lembra que esta é uma das “grandes reclamações da população” e que poderia ser “facilmente resolvida”, uma vez que “em vez dos autocarros ficarem parados ao pé da Bluepharma podiam seguir pela Rua da Liberdade, Alto Leão e dar a volta pelo Chafariz, servindo assim aquela população que não tem transportes”.
Jorge Veloso lamenta que as pessoas que vivem nessas zonas tenham que vir apanhar os autocarros a Fala ou junto à Bluepharma quando “uma revisão do trajeto ou um minibus resolvia essa carência”.
Em Ribeira de Frades continua por servir a zona de Ribeira Alta, tendo a população que “andar dois quilómetros a pé para apanhar o autocarro”. O presidente considera que, também neste caso, um minibus poderia resolver facilmente esta questão.
De resto, assegura que a UF “está bem servida, em termos de linhas e horários”. No tempo escolar, sendo esta uma freguesia que acolhe muitos estudantes nas escolas superiores, poderia ser vantajoso aumentar a frequência das carreiras mais ao final do dia. Jorge Veloso adianta que todas estas situações são do conhecimento dos SMTUC.
União de Freguesias de Coimbra sem queixas
Situada em pleno centro urbano, a União de Freguesias de Coimbra não tem grandes queixas no que toca a transportes públicos. O presidente, João Francisco Campos, admite que o serviço é bom, apesar “da frequência nem sempre ser aquela que as pessoas quereriam”. Lembra, contudo, que este é “um serviço pago pelo Município de Coimbra a praticamente 100 por cento, já que só Porto e Lisboa é que são exceção e contam com financiamento do Estado”.
A única situação que o autarca gostaria de ver resolvida está na zona da Conchada e é já do conhecimento da Câmara. “Com muitos idosos e muitas pessoas com dificuldades de mobilidade era importante termos um veículo que fosse mesmo dentro da Conchada, já que à Rua do Padre Melo e mesmo ao Bairro da Misericórdia não vão transportes”, explica.
A ideia era pôr a circular ali um Pantufinhas que “permitisse que as pessoas viessem à cidade e voltassem, sem se preocuparem com o percurso que tinham que fazer a pé”. Neste momento, há transportes à entrada da Conchada mas não vão ao centro, até porque as ruas naquela zona são bastante estreitas.
Torres do Mondego com melhor serviço
A Freguesia de Torres do Mondego está “razoavelmente servida” em termos de transporte. A afirmação é do presidente da Junta, Paulo Cardoso, que dá conta que, apesar de “desejarem sempre melhor”, houve melhorias significativas, com a recente “extensão das carreiras dos SMTUC à margem esquerda e à freguesia, nomeadamente às localidades de Carvalhosas, Palheiro e Zorro”, zonas até então servidas pelas carreiras da Transdev.
“Terminado o contrato de concessão existente, os SMTUC passaram a operar, o que foi muito bom porque são mais regulares e as pessoas estão mais satisfeitas, já que a Transdev tinha várias falhas no serviço”, explica.
Considera, contudo, que “o número de carreiras na margem esquerda continua a ser insuficiente”, uma realidade que “se arrasta há muitos anos e que levou a que as pessoas acabassem por adquirir carro para de deslocarem”. Espera que a melhoria da oferta potencie os benefícios do transporte público, permita o aumento do número de passageiros e assegure a mobilidade entre as várias localidades. Defende, ainda, uma maior interligação entre algumas das linhas que servem a freguesia, de forma a que, num futuro próximo, possa haver “mais interligação nas três vertentes da freguesia – margem esquerda, margem direita e serra” – havendo já autocarros a circular em todas estas zonas.
Em termos de trajetos têm sido feitos alguns ajustes importantes, como sucedeu na linha 9, que deixou de ficar em S. José e passou a estender-se até à Portagem, permitindo que as pessoas não necessitem de apanhar tantos autocarros para chegar ao destino. Paulo Cardoso diz que o objetivo é que esta linha vá até à Manutenção, de forma a ter “uma maior abrangência, servindo as escolas secundárias e a Universidade”.
Já a nível de horários, os autocarros circulam com regularidade, mais ou menos de hora a hora, na maioria das localidades. De acordo com o presidente, há zonas onde é preciso fazer ajustes, como na Cova de Ouro, Casal do Lobo, Dianteiro e Carvalhosas, onde existem algumas queixas que estão a procurar resolver.
“Há algumas falhas de frequência e de horários mas julgo que, comparado com o que era há alguns anos atrás, estamos claramente melhor e, nesta área dos transportes, de uma forma geral, a freguesia não está mal”, realça.
UF de Santa Clara e Castelo Viegas bem servida
A UF de Santa Clara e Castelo Viegas está bem servida em termos de transportes públicos. O presidente, José Simão, congratula-se por ter autocarros em “quase todos os sítios” da UF, havendo apenas a resolver a questão de Pereiros e Copeira, servidas por uma empresa privada, situação que já reportou, por várias vezes, à Câmara. “Quando esta lacuna estiver resolvida, os transportes públicos atingem uma relativa excelência nesta UF. Pode haver necessidade de reforçar mais algumas linhas mas, no essencial, estamos bem”, realça.
Há ainda outro caso que José Simão gostava de conseguir resolver, apesar de admitir que poderá não ser fácil. “Na Rua do Campo, da Cruz de Morouços para o Bordalo, era importante ter um autocarro. Já me pediram várias vezes mas o autocarro tem que lá fazer uma manobra difícil para voltar para trás e não sei se isso é possível. Reencaminhei o assunto para a Câmara e vamos aguardar”, realça. Essa resposta era importante, uma vez que naquela zona vivem muitos idosos que têm alguma dificuldade em deslocar-se porque têm uma descida acentuada para virem apanhar o autocarro e uma subida íngreme para regressarem depois a casa.
Com a UF bem servida nesta área, José Simão destaca o importante papel social que têm os transportes públicos. Considera mesmo que são “o maior Centro de Dia que Coimbra tem, uma vez que uma grande percentagem dos seus frequentadores são idosos que recorrem aos transportes públicos para passear, conhecer a cidade e conviver em vez de estarem num Centro de Dia”.