O poeta e escritor Miguel Torga “regressa”, de hoje (22) a 30 de março, às ruas da Baixa. População e visitantes vão poder conhecer a forma como o médico via Coimbra, através de um conjunto de fotografias, da autoria de Varela Pècurto, que vão estar expostas nas montras de algumas lojas.
Exibida pela primeira vez há 28 anos, no Edifício Chiado, na presença do próprio Torga e de muitas individualidades da cidade e do país, a exposição “Coimbra vista por Miguel Torga” regressa hoje à Baixa e vai ficar patente, até dia 30, nas montras de vários estabelecimentos comerciais das ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, transformando assim esta área central na “maior e melhor sala de exposições” de Coimbra.
Promovida pela Fundação Inatel Coimbra, em parceria com a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), esta mostra vai apresentar 22 fotografias da autoria do conceituado fotógrafo Varela Pècurto (à exceção de uma) e que fazem parte do espólio do Inatel.
Durante a apresentação do evento, que decorreu na segunda feira, no Café Santa Cruz, o diretor do Inatel em Coimbra, Bruno Paixão, recordou que esta exposição foi concebida há quase três décadas, resultando de um acordo entre o próprio MiguelTorga e João Fernandes, então dirigente do Inatel na cidade, entidade que representou durante muitos anos.
Trata-se, como explicou Bruno Paixão, de “uma grande exposição sobre a vida e obra do escritor”, que “mostra Coimbra pelo seu olhar”, num retrato a que não escapam as suas passeatas, o seu escritório, as suas vivências quotidianas e os seus espaços e monumentos de referência.
Coube a Varela Pècurto, amigo pessoal do médico, registar estes momentos, muitos deles captados por indicação do poeta que teve também à sua responsabilidade escolher os trechos dos textos que acompanham cada uma das fotografias que integram esta exposição que, 28 anos depois, se vai apresentar à cidade como da primeira vez, mantendo todos os “seus traços originais” desta mostra que, depois da estreia em Coimbra, percorreu vários pontos do país e do mundo.
A reposição desta exposição surge agora para celebrar os 30 anos do primeiro Prémio Camões, conquistado precisamente pelo escritor, ao mesmo tempo que pretende, como sublinha Bruno Paixão, “demonstrar que, com vontade e empenho, a cultura pode ajudar a ultrapassar o vazio de uma Baixa carente de conteúdos e de atratividades”.
“Ouvimos falar tanto da Baixa em decadência e julgamos que esta exposição é um contributo efetivo para trazer pessoas, para que elas visitem e para colocarmos a cultura num eixo de desenvolvimento das próprias cidades e dos territórios”, realça.
Doze a 20 lojas vão acolher estas 22 fotografias, que podem ser apreciadas a qualquer hora do dia ou da noite. Destas, apenas uma não é da autoria de Varela Pécurto. Prestes a completar 94 anos de vida, o conceituado fotógrafo também esteve presente nesta apresentação onde, com uma memória invejável, recordou o amigo Adolfo Rocha (conhecido pelo pseudónimo Miguel Torga), bem como os “momentos inesquecíveis” que com ele partilhou, num desfilar de memórias que evocaram não só o poeta e médico mas, acima de tudo, o homem que foi Torga.
Depois desta exposição nas ruas da Baixa, o Inatel pretende fazer chegar esta mostra também aos concelhos vizinhos e levá-la a percorrer o país, como já sucedeu no passado.