Ana Gomes é uma mulher que admiro pela sua capacidade de trabalho, demonstrada ao longo dos anos, como diplomata e como parlamentar europeia durante 15 anos.
É e foi sempre uma voz incómoda. Defende as suas convicções com «garra» e sem medos. É e foi, uma lutadora permanente contra a corrupção e na defesa dos direitos humanos.
Está sempre ao lado dos mais fracos, dos indefesos, contra os poderosos. Denuncia toda a negligência e cumplicidade do poder, incluindo a justiça. Quem não se lembra do caso dos submarinos que tinha como suposto interveniente Paulo Portas? Lutou até à exaustão na procura da sua verdade e estou convicto de que ainda não sente que chegou ao fim da corrida.
É uma mulher atenta a tudo o que se passa na área do futebol “pelas paixões e dinheiro que movimenta, pela rede tentacular que desenvolve, obviamente uma das áreas mais apetecidas para serem infiltradas pela criminalidade organizada.”
De momento, uma das suas grandes batalhas é o problema Rui Pinto, – não se conforma que a justiça deixe à solta os criminosos por ele expostos. Não se acobarda, “… e, portanto, não [se] vai calar”. E, como diz, “por muitos incómodos que lhe possa causar a [si] e à [sua] família que tem medo por [si]”. Concorda com Pacheco Pereira quando este afirma que Rui Pinto cometeu o erro maior da sua vida, porque se meteu “com uma organização criminosa, que é boa parte do futebol”.
Ana Gomes, no caso Rui Pinto diz mesmo “veremos quem é que vence”.
Fala alto, depressa, as palavras saem em turbilhão, tal é o ardor na defesa das suas convicções.
Mesmo sabendo a força que têm algumas instituições, ou adeptos, implantadas (os) em todo o território nacional, mesmo nestas circunstâncias, avança sem medo. Interroga-se, quanto à transferência do novo ídolo João Félix, “se não será negócio de lavandaria.”
Quando é preciso, não diz as melhores coisas sobre muita gente dita importante. Todos ameaçam que a vão processar. A sua resposta é, “mas tudo bem, façam favor”. Quantos processamentos já teria tido esta mulher ou ainda terá a decorrer?
Ana Gomes é uma mulher de armas. Se houvesse muitas mais, não acomodadas, sem medo, com convicções alicerçadas no conhecimento, no estudo, na investigação, garanto-vos, caros leitores, o país não estaria, novamente, a arder de forma tão desbragada.