Estava contra a Guerra Colonial, mas ela venceu-me e, por isso, marcou-me compulsivamente.
Obrigou-me a partir e a compartilhar com ela, durante anos, os seus desassossegos.
Cheguei e fiz com ela um concubinato sórdido. Queria tocá-la primeiro, derrotá-la depois.
Fui contra, mas estive por dentro.
Depois jurei, que “à chegada vínhamos todos”, mas não viemos.
Faltaram alguns. Ficaram perdidos debaixo da metralha, com o sangue a escorrer das entranhas.
E é por eles, que ainda ouço o costurar das metralhadoras e os estrondos dos morteiros. É um silvo penetrante que vem ao meu encontro e depois explode. Isso vem de muito longe, de há mais de quarenta anos, é o som da memória do tempo e da consciência da história.
A espécie de clausura a céu aberto em que vivi, milhares de dias, transformou-me noutro homem: escuto muito, falo pouco, rio-me poucas vezes.
Não sei porquê!…
Brinca-se com a guerra, em todo o mundo, como se ela fosse feita com soldadinhos de chumbo.
Ó homem, pobre homem!
Vejam-no passeando pela Ucrânia, ufano por dentro dos seus camuflados. Por enquanto mostram os brinquedos com que se faz a guerra. E depois, o que vem aí, o que mostram mais? …
Os discursos dos «papagaios» que enxameiam as nossas televisões, e nada dizem, porque pouco sabem,
Homem maldito.