Volvidos 50 anos, um dia, «fui à Lua», – como hoje em gíria popular se afirma, sempre que se atinge o dito clímax. Enxerguei, com estes olhos, num pequeno ecrã de uma televisão a preto e branco, um homem a pisar o solo lunar. O que parecia ser irrealizável estava, ali, à nossa beira.
O acontecimento foi de tal modo surpreendente que deixou em dúvida uma parte bem significativa da população portuguesa, principalmente a menos alfabetizada. Lembro-me que depois do acontecimento fui visitar o meu avô e ouvi, de imediato, uma pergunta: – Ò Tó, aquilo foi tudo mentira, não foi? Retorqui que era verdade e tentei explicar porquê. Mesmo assim, a dúvida existencial permaneceu.
Neil Armstrong deu os primeiros passos na Lua no dia 21 de julho de 1969. Antes de descer da escada, descreveu a superfície lunar como “um granulado muito fino”. Não muito depois de Neil, foi Buzz Aldrin que caminhou na lua. Buzz descreveu a quimera como “magnifica desolação.”
A missão da Apollo II é um daqueles acontecimentos que tendo quase tudo para correr mal e em que poucos acreditam, acaba por metamorfosear-se, provavelmente, no maior feito de sempre da humanidade. Os quase 13 minutos dramáticos da descida final até à Lua são o melhor exemplo disso: falhas iniciais de comunicações com Houston, alarmes do computador de bordo, local de aterragem que Armstrong teve de alterar no último minuto para evitar uma cratera, combustível em perda.
A missão Apollo II durou oito dias e três horas.
Depois de ler, ver e saber tudo aquilo fiquei estupefacto, mas, fundamentalmente, reconheci-me muito pequenino (como o povo costumava dizer) perante o feito daqueles homens. A sua competência elevada e as altas capacidades de natureza tecnológica, a inteligência emocional excelente revelada, as formas superiores de controlar o medo perante o perigo eminente de morte. Deslumbramento! Tudo, Tudo, Tudo, é superior nestes dois homens.
O que os fez ou tornou assim? O treino permanente e exigente? O estudo aprofundado? Características genéticas? Traços de personalidade amoldáveis? E o que andará de inato em tudo isto?
Não sei. Só sei que foi possível.
Pensei que a partir desse dia a tecnologia iria tomar conta da vida de muita gente e o individualismo também.
Não errei muito…
Mas, pesar de tudo, oiçam bem, caros leitores, Pela Primeira Vez Calquei a Lua!