Fazer aniversário é, quase sempre, motivo de júbilo.
Realizei tantos sonhos, tive saúde para continuar buscando novos empreendimentos, houve pessoas, em meu redor, que me amaram. Fizeram-me tão bem. Estou grato por essas vivências.
Nasci, cresci, chorei, por vezes sorri, cai e levantei-me, afinal, a vida é quase sempre assim… Todos os dias renasci, todos os dias amadureci, todos os dias carpi mágoas, todos os dias raramente esbocei sorrisos, todos os dias caí e o mais importante é que todos os dias me ergui!…
Todas as quedas foram necessárias para me reedificar, cada vez, mais forte.
Hoje sou velho, muitas vezes me sinto só, não faço o que já fiz. Sempre que caio, reerguer é íngreme. Quase tudo o mais esfumou no tempo, longo tempo, nos dias que perfazem oitenta anos.
Hoje sinto que estar vivo, quase sempre, não é claro, porque repetidamente se me instala a noção de que tudo é apenas uma reiteração.
Hoje tenho a sensação de que ao abrir portas se erguem muros de betão barrando-me a passagem. A pessoa parece que perece em vida.
Não façam caso, tudo são queixumes de velho birrento e piegas firmando-se no passado!…
Desabafos de muitos maridos, pais e «vovós», aquando dos oitenta anos feitos.