11 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

TESTEMUNHOS – Ó Mar

12 de Maio 2023

Ó Mar

I

Ó mar imenso como eu gosto de te olhar,

Assim proceloso, espumado, furibundo.

Ó mar, nunca deixei de te amar,

Ó mar sem fundo,

Ó mar azul, sem quietude, imenso,

Que dormes na areia quase suspenso.

Olho-te, extenso, e penso:

Como posso amar-te gigantesco,

Silencioso por vezes e outras barulhento,

Lento, sempre que beijas os brancos areais?

Suspiras, colhes a solidão, banhas as dunas e os canaviais,

Mas ainda forte, sempre audaz, em altivez suspenso.

II

Amo-te sempre que regressas, há sempre um vaivém,

Sempre para e mais além,

Rodopias, serpenteias, ondulas, uma a uma,

Em vagalhões rugindo, Ó grande mar!

Depois a tua fúria, saliva espuma

Sobre a praia onde se vem quebrar,

Beijando a areia com indiferença suma,

Para logo, sempre, insensivelmente, retirar.

Ó MAR do meu contentamento,

És belo, azul celeste, inconstante, demoníaco,

Dás-me com esse teu temperamento,

Porventura, um só momento, em que a paz é tudo,

O silencio é mudo,

Paradisíaco,

Quase mito.

A minha vida sereno ritual,

TAL QUAL!?

Ó MAR.

 

António Inácio Nogueira


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