20 de Junho de 2025 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

TESTEMUNHOS: GUERRA II – Mas afinal o que é a guerra?

3 de Novembro 2023

Ela bate-nos à porta cada vez mais horrenda. Todos os dias. As guerras no activo, poluem a televisão e outros órgãos de comunicação. As redes sociais atiram-nos à cara as mais malévolas mentiras. Muitos meios que consideramos credíveis (e seus jornalistas), muitas vezes, contra informam deixando-nos presos e sem saber quem tem razão e quem causa horrores tão hediondos.

Afinal, pergunta-se, o que é a guerra?

A palavra «guerra», segundo a opinião de muitos autores, tem origem num grito de combate, um som gutural – Werra – donde derivam as várias formas da língua latina (português, espanhol, francês e italiano). Do mesmo grito derivam também as palavras alemã e inglesa – wehr, war, respectivamente.

A guerra é quase tão antiga quanto o próprio homem e penetra nos lugares mais secretos do coração humano, lugares onde o EU dissolve os propósitos racionais, onde o orgulho reina, onde a emoção predomina, onde o instinto é rei.

As lições da história lembram-nos que os estados em que vivemos, as suas instituições, e até as suas leis foram criadas e chegaram até aos nossos dias por via do conflito, frequentemente do tipo mais sanguinário. É, no entanto, um fenómeno difícil de definir, até porque nos dias de hoje não existe a guerra, mas sim uma variedade imensa de guerra(s), tão dolorosas como as anteriores. No entanto, uma imensidão de especialistas da coisa militar foi formulando as suas definições. De todas as conhecidas escolheram-se: as de Heraclito “A guerra é a raiz do mundo”, a preferida de Bertrand Russel (1977) na História da filosofia ocidental; a de Clausewitz (2007) uma “notável trindade”, a de Gaston Bouthoul (1962) “La lutte armée e sanglante entre mouvements organisés” e ainda a de muitos outros que a consideram, “Violência armada e sangrenta, entre grupos organizados, num ambiente hostil, incerto, evolutivo, tendo como finalidade mais evidente o acesso ao, ou a manutenção do poder”.

Ao analisar o âmago de algumas das concepções pode afirmar-se que elas confessam dois aspectos basilares: o sociopolítico e o técnico-militar. Mas elas interiorizam também a inevitabilidade da guerra e a forma suprema de luta para resolver as antinomias sociais. Há quem defenda que pode ser “um bem ou necessidade social”.

Afinal hoje, os homens de hoje, continuam a fazer a mesma guerra só que com meios diferentes. No entanto, por muitas das mesmas causas e infligindo os mesmos flagelos e sofrimentos.

Pouco aprendemos, continua-se a não ter apetência para aprender a aprender, na era da cibersegurança e das tecnologias avançadas. É pena. {discurso incerto e adaptado para o artigo, da tese de doutoramento do autor.}


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