22 de Janeiro de 2025 | Coimbra
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ANTÓNIO INÁCIO NOGUEIRA

Testemunhos – Entre o Sono e o Sonho

16 de Novembro 2018

No dia 21 de outubro, realizou-se, em Coimbra, no Grande Auditório do Convento de São Francisco, o lançamento da Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea (Volume X), sob o lema «Entre o Sono e o Sonho», uma edição da Chiado Editora.

O auditório do Convento encontrava-se repleto, mais de 1000 pessoas, vindas de todo o país, para apoiar ou acompanhar os novos poetas que foram selecionados para fazer parte da Antologia.

Nesse vasto rol estão muitos que viram, pela primeira vez, editado o seu talento, e, muitos outros que as diversas editoras vão relegando, por motivos diversos, rejeitando, embora a qualidade esteja lá, em cada frase, em cada palavra.

A Editora Chiado tem vindo a dar voz a muitos desses poetas, e, por inúmeras vezes, a facilitar a publicação da obra oculta de muitos deles.

Coimbra alheou-se, quase por completo, deste evento, desde a imprensa aos distintos intelectuais da nossa praça. Valha-nos o apoio que a Câmara Municipal de Coimbra resolveu, em boa hora, dar à realização.

Não quero, de modo algum, considerar a promotora da realização um anjo caído do céu que aportou à terra para apoiar, sem interesses óbvios, os jovens ou os mais velhos, iniciados na arte, esses desconhecidos, que vão imaginando o planeta à sua maneira, sonhando, sempre, por dias melhores, ou, revivendo memórias, de outro jeito difíceis de fazer perdurar. Também construindo presentes e futuros efabulados, mas realizáveis. Uma Editora tem sempre como finalidade, última, a sua subsistência e o lucro. Salve-se, neste caso, o empenho, a inovação, a criatividade do empreendimento, a bondade de fazer felizes cerca de 1000 pessoas.

Como participante dá-me algum aconchego o convite feito para apresentar a minha pobre arte de postar a vida.

Para dar uma ideia, aos meus leitores, da qualidade destes novos sonhadores, pego num volume da Antologia, e, abro-o, numa página, aleatoriamente. Vou encontrar um poema chamado Um… de Hália Seixas.

Com a justa cortesia à autora, faço a sua transcrição:

Um pedaço de nada

um papel amarrotado,

uma frase rasurada,

um lápis mordiscado,

um pensamento alinhavado

em pequenos versos

talvez cruzados e controversos.

Um calor que contraria

um frio que me envolve,

uma luz trémula a esvanecer,

o tempo que se dissolve

enquanto devaneio a escrever

sem saber o que fazer

sem saber quando parar

e o que será quando acabar.


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