Escrevo muito, gosto de escrever, passo algumas horas a «rabiscar» nos meus «caderninhos», por exemplo, as coisas que redijo para este jornal.
Nos dias de hoje será criticável e desatualizado escrever com caneta ou esferográfica, contrariando a tendência de usar o teclado e quando estão em palco as canetas digitais. No entanto, caro leitor, depois de edificar e dar corpo ao texto, uso o Word ou outras novas tecnologias. É aí que efetuo as últimas correções e endereço, por e-mail, a quem de direito.
Mas pensa o leitor que já exauriram as canetas, já nos abandonaram? Desiludam-se. A caneta, na contemporaneidade, ainda “é mais poderosa que a espada”, – ideia que surgiu em 1839 pelo entendimento do escritor e político britânico Edward – Bulwer – Lylton.
Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, escreveu numa carta a Thomas Paine, repetindo o aforismo. Confirmava a necessidade de continuar a fazer com a caneta o que antes havia sido feito com a espada. (Leia-se o artigo, no Expresso, de Nuno Galopim, na Revista de 31 de março 2019).
E assim se fez. Olhem, com atento, as tomadas de posse dos nossos governos no Palácio de Belém. Há canetas ou não há? Sinal de poder ou de vaidade? E, já agora, reparem se o acontecimento se repete nos lugares de assinatura de grandes negócios ou de protocolos milionários!…
A caneta continua a ser veículo que fixa e comunica memórias, histórias, pensamentos, vã glória, também, o amor, os sentimentos mais nobres ou ignóbeis. E todos sabem que a caneta pode eternizar um ato, enquanto as novas tecnologias podem reduzi-lo a nada.
Mas, na antítese, a caneta é uma companheira fiel que nos ajuda a estar só com a escrita. A caneta, para alguns, continua a ser um utensílio com que se escreve quase à velocidade da ideia. Depois é acarrear o que se redigiu ao tratamento definitivo, no computador ou noutras novas tecnologias.
Há quem já não saiba escrever com uma caneta, há quem a considere um instrumento relíquia. Existem canetas caras, por vezes bordadas a pedras preciosas, autênticos mitos para alguns, realidades para outros. Existem de todos os preços, desde 500 euros a 20.000 euros, as cravejadas de diamantes e rubis, peças únicas, a cerca de 10 milhões de euros.
Indigne-se leitor. É isso mesmo que deve fazer.
Pode estar convicto de que muitas delas assinaram os documentos mais ignóbeis. Guerras, por exemplo, onde morreram milhões de pessoas.
Esteja tranquilo leitor, eu uso canetas baratinhas… qualquer comum mortal pode possuir.