Havia uma «namorada» que todos os Combatentes da Guerra Colonial reverenciavam. Amavam-na em permanência. Não desviavam os olhos ou vontades para outra pretendente. Dormiam com ela sem ter com ela qualquer relação intimista. Existia um amor sacrossanto.
Aqueles homens sentiam-se protegidos com a sua presença, por isso a acarreavam para todos os lugares: perigosos ou não perigosos. Subiam com ela as montanhas mais íngremes; acarinhavam-na nos caminhos de pé posto onde o perigo espreitava; transportavam-na bem no ar, ao atravessar as bolanhas prenhes de lama e perigo eminente, para que se mantivesse limpa. Enfrentavam emboscadas juntos e, quantas vezes, morriam abraçados. Dormiam no mato bem perto; suavam, ambos, ao percorrer quilómetros e quilómetros à procura do nada, debaixo de um sol abrasador; ambos tinham medo, mas muitas vezes foram heróis. Aquela «mulher» ia sempre cruzada e apertada junto ao coração do antigo Combatente.
Nasceu com 4,4 Kg, tinha um metro de altura e foi fabricada em Braço de Prata.
Fez a guerra, mas acabou por edificar a paz e a democracia. A imagem do menino com o cravo cravado no seu âmago, tornou-se o símbolo máximo do 25 de Abril.
A «namorada» de todos, demoliu uma ditadura de 50 anos.
O país mudou, ela resistiu, por muitos anos, sempre atenta. Outros soldados a abraçaram com o mesmo amor e enlevo, mas já sem guerra.
Agora está prestes a deixar-nos. Vai receber os louros da eternidade, bem os merece. Morreu aos 57 anos.
Afinal como se apelidava essa «namorada» de tantos?
Perguntem aos soldados, antigos combatentes. Constatarão que todos vão gritar o seu nome. Não se esquece quem ofereceu tanta gratidão e bem-querer.
Em uníssono dirão: G3!…