Há muitos anos que não havia tanta gente a «botar faladura» ou a «escrevinhar» sobre os mais diversos assuntos, mas, principalmente, sobre a pandemia, formas de a combater e de a prevenir, muitas delas antagónicas e sem qualquer valor científico. Quase todos, apesar da sua ignorância sobre o assunto, tentam convencer-nos das suas verdades, digo inverdades. Esta realidade está relacionada com o dito «confinamento», convertendo as pessoas em tagarelas da incultura, melhor, em opinadoras da não verdade e «escrevinhadoras do quase nada.
Salvam-nos os poetas e os escritores já consagrados, os poucos investigadores portadores de saberes que através de frases e palavras com ideias nos conseguem elucidar e por a cogitar.
Selecionei 10 das muitas que tinha à minha disposição. Aquelas que eu achei que tinham algo onde se aprender. Polémicas, ou talvez não?
“As profundas divisões na chamada comunidade cientifica quanto à caracterização, diagnóstico e estratégias de combate ao vírus que nos ataca têm sido outra constante, surgindo como mais um episódio da velha guerra que se vem travando em todas as epidemias, especialmente nas da Idade Média” – Jaime Nogueira Pinto.
“A desorientação é visível não apenas nos políticos. É visível nos cientistas e nos jornalistas. Os políticos ouvem os cientistas mas os cientistas discordam entre si com ferocidade e as velhas rivalidades deste meio tão santificado chegam à superfície como espuma suja.” – Clara Ferreira Alves.
“As pandemias existem desde sempre, mas só às vezes alteraram o rumo da história. Frank Martin Snowden explica quando, como e porquê.” – Luís M. Faria.
“O bacilo da peste nunca morre nem desaparece; pode ficar durante dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa de casa à espera, pacientemente nos quartos, nas caves, nos lenços, nas papeladas, que venha o dia em que, para desgraça ou edificação dos homens, a peste acordará as suas ratazanas e as mandará morar numa cidade feliz.” – Albert Camus.
“2020 tem revelado uma sociedade egoísta, que não sabe dar carinho aos velhos em vida,…” – Henrique Raposo.
“Ainda tenho vontade de escrever o meu nome depois de embaciar o vidro com o hálito. Pensando bem (e digo isto ao espelho), não sou um senhor de idade que conservou o coração de menino. Sou um menino cujo envelope se gastou.” – António Lobo Antunes.
“A realidade é uma hipótese repugnante.” – Manuel António Pina.
“O silêncio é tão sonoro como a música…” – José Tolentino Mendonça.
“Vivemos num tempo sem tempo.” – Manuel Alegre.
“O uivo não cessa. Irrita. Enche o mundo todo. Quem grita? O homem que range por não poder suportar a vida? O grito domina tudo, trespassa o globo e ecoa o mundo… perdeu-se a noção da desgraça e a noção do tempo, e a nódoa de sangue da Via-láctea, onde se concentra toda a sensibilidade do mundo, alastra entre os astros, de lés-a-lés, na profundidade do céu…ouves o grito? Ouve-lo mais alto, sempre mais alto e cada vez mais fundo?” – Raul Brandão.