Chegou o outono, entre vindimas!, pintalgando de tons castanho-alaranjado os cenários com que a Natureza nos enebria. Ficam as memórias gustativas de petiscos incontornáveis em dias passados de tesoura na mão, interrompidos para a bucha das 10h (momento em que o atrelado do trator serve de mesa petisqueira: broa de milho, bacalhau ensalsado, petinga frita em molho de escabeche, ovos mexidos com chouriço, pataniscas, queijo,… e roda de conversa que convoca a ancestral arte de partilhar alegrias e tristezas de dias passados e a confiança num futuro melhor) e que culminam em rapsódia de peixe verdadeiramente divinal que prolonga um dia sem relógio, ritmado por gargalhadas salpicadas de algum cansaço a que nem se presta atenção. Como alguém disse na altura: “uma noite bem dormida é o melhor tempero para um dia bom”.
Em outubro regressa o convite para celebrar a Música, nas suas diversas expressões, e participar “de corpo e alma” nas inúmeras iniciativas propostas por várias entidades em Coimbra e Região. É sempre bom (re)lembrar: a Cultura é segura!
Outubro é ainda o mês de regresso ou início de percursos escolares, de adaptação do ritmo das tarefas diárias aos horários de trabalho, de rehabituar ao uso de casacos e chapéus de chuva, de reaprender a caminhar ao som da água e do vento, de relembrar que o espaço público continua disponível e à nossa espera para se manter vivo, que o comércio tradicional e de proximidade continua a contar connosco e que a sustentabilidade do território que habitamos e/ou visitamos é também responsabilidade de todos e de cada um de nós.
Outubro é o mês de regresso do festival Correntes de Um Só Rio, mas também do Petiscos&Rabiscos ou de O Mundo do Vinho, é também o regresso da programação regular ao TAGV, ao Teatro da Cerca de S. Bernardo ou à Oficina Municipal do Teatro, mas é também uma boa altura para descobrir tantos outros espaços, como o recentemente reaberto Grémio Operário de Coimbra (na rua da Ilha) ou o Centro Cultural Penedo da Saudade (na av. Marnoco e Sousa), mas também a Casa da Esquina (na rua Aires de Campos) ou a Casa das Artes Bissaya Barreto (na av. Sá da Bandeira), ou mesmo (re)visitar os seis núcleos do Museu Municipal (rua Sobre-Ribas; Pátio do Castilho; rua do Arco de Almedina; rua Ferreira Borges; rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes e Pátio da Inquisição), (re)descobrir a Universidade de Coimbra – Alta e Sofia, Bem classificado pela UNESCO Património Mundial da Humanidade ou pura e simplesmente andarilhar pela cidade, olhando e vendo os espaços que nos servem de cenário, parar para tomar um café e saborear il dolce far niente da nossa latinidade.
Outubro convida-nos a iniciar um caminho novo. Seguros das raízes que nos sustentam, saibamos viver o presente em Alegria com os olhos postos no futuro da nossa Casa Comum. Bom Caminho para todos e cada um de nós, Caríssimo Leitor.
Como alguém já disse: “a arte da repetição apura o palato” ou, em modo tertuliar, escrever e enviar um postal é uma pequena-grande página de uma história comum que nos permite olhar em modo objetiva grande angular para as variáveis possíveis da arte de viver; aceite o desafio, caro leitor e… escreva um postal regularmente. Há magníficos postais que aguardam uma palavra escrita – e um selo – para entrarem em circulação.
Até já e… tertuliemos “coisas” boas!