“E se… em vez de se pensar em construir mais equipamentos para milhares de pessoas se pensar em reabilitar e alindar praças e jardins e espaços de comunidade pré-existentes tornando-os fatores de atratividade de novas práticas de sociabilidade, de encontros casuais que convidem a permanecer e fazer cidade e não meros pontos de passagem ou de cenografia urbana?”. Sugestão partilhada há uns dias por alguém que ainda acredita que é com diálogo construtivo, aberto, sem juízos de valor, que se constrói um presente com futuro e que adotamos por mote no postal de hoje.

E se, caro leitor, procurarmos reativar, co-criar, sonhar,… a rua, o bairro, a cidade em que nos sentimos “em Casa”? “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”, frase que facilmente nos vem à cabeça, muitas vezes nem nos lembrando que é retirada de “Mensagem”, a magistral obra poética de Fernando Pessoa a que é interessante regressar.

Coimbra é oficialmente – de jure et de facto – candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027. É importante lembrar que todos e cada um de nós somos co-criadores da cidade que habitamos, mas também que o todo – em diálogo e respeito pelas diferenças, nos pontos de convergência e nas pontes que unem divergências – é sempre maior do que a soma das partes.

De braços abertos para receber dezembro, um mês que nos convida a vestir agasalhos e sair à rua, a tornarmo-nos andarilhos e deixarmo-nos surpreender pelas decorações, pela música, pelos sorrisos, pelo encontro inesperado com quem não estamos há demasiado tempo e que facilmente nos faz esquecer os planos traçados e nos leva a sentar à mesa “5 minutos, para pôr a conversa em dia” – os 5 minutos mais longos de Chronos, pois facilmente se estendem por uma manhã, tarde ou noite, muitas vezes transitando para “casa de bem comer”, em que a conversa se torna mais saborosa com as artes alquímicas de cozinheira “de mão cheia”.

A par do desafio-convite já deixado – procurarmos partilhar e fixar para memória futura a singularidade das pessoas que fizeram e fazem a cidade acontecer, do maior número possível de pessoas, bem como de espaços comerciais e sociais emblemáticos (alguns ainda e “apenas” na memória de poucos e que estão em sério risco de ficar para sempre perdidos) que fizeram e fazem com que o comércio de proximidade, tradicional, local, se mantenha espaço contemporâneo de sociabilidade – fica um outro: que tal listarmos os pratos e petiscos (doces e/ou salgados) que associamos a Coimbra e Região nesta época que se aproxima?

E se tivesse que elaborar uma ementa-tipo ou um pequeno cabaz? O que estaria presente na sua proposta, caro leitor? bolinhos de abóbora?, broas de batata?, lampreia de ovos?, rabanadas?, caldo verde?, nozes?, azeite?, pão-de-ló?, …

“A cereja em cima do bolo” – também pode ser a fava – é fazer-nos chegar uma receita que possa ser aqui partilhada e, quem sabe, vir a constituir parte de uma “ementa O Despertar” que possa brevemente ser saboreada em modo mesa coimbrã: há sempre lugar para mais um.

Até já e… tertuliemos “coisas” boas!