Sabores outonais à mesa, no cabaz de novembro vamos encontrar dióspiros, castanhas, couve, azeitonas, broa dos santos e… relembramos a vindima e os cachos que eram apanhados e colocados em estendal na despensa da avó, surgindo agora os bagos de forma mágica na broa cozida em forno de lenha, juntamente com bocadinhos crocantes de noz. Há sabores que ganham vida nova na memória gustativa das histórias que partilhamos. Caríssimo leitor, aceita o desafio e partilha connosco uma memória gustativa outonal?

Novembro chega com o convite para regressar à Adega provar o vinho novo e, quem sabe, ao Lagar saborear um bacalhau assado com batata a murro. À Mesa da Portugalidade há sempre lugar para mais um… saber Ser sabor Humano!

Mês em tonalidades de castanho e verde, salpicado de alaranjado (sim! a singularidade do dióspiro até na cor se reflete! qual a cor do dióspiro? laranja amarelado? laranja salmonado?) serve de preparação para o inverno que se aproxima; redescobrimos o chá, os casacos de malha, os cachecóis e botas, mas também a acolhedora manta e a retemperadora sopa. (as sapatilhas continuam a ser parte da indumentária outonal, a chuva e o frio não servem de desculpa para deixar de fazer exercício, caríssimo leitor!).

“Quentes e boas”, sons-ponte entre uma ruralidade urbana e uma urbanidade rural que deixam no ar aromas inconfundíveis e nos dedos o colorido sabor da castanha acabadinha de sair do assador.

Para além da singularidade cromática, o que dizer do dióspiro? Bem maduro, quase liquefeita a polpa, salpicado com uns pozinhos de canela, atrevemo-nos a dizer que se revela autêntico “manjar dos deuses”. Incrível mesmo é a imagem do diospireiro, qual árvore de Natal sem outro ornamento para além daquelas bolas alaranjadas (como que a inspirarem o mês que se segue).

Novembro convida-nos a caminhar de forma musical nos jardins e parques (sim!, as folhas que entretanto foram caindo oferecem-nos um teclado singular) e a abrir sorrisos mesmo nos dias mais cinzentos. Já reparou que há flores de vários tons que salpicam os canteiros ou mesmo que crescem de forma espontânea? são pinceladas de vitamina A, de Alegria, a pintar os dias, que nos recordam que a Natureza está sempre em transformação e que a biodiversidade é um Património a salvaguardar, proteger e cuidar.

Tendo por guias o bom senso e a responsabilidade, somos convidados a sair de casa e escolher participar nas iniciativas culturais a ter lugar em Coimbra e na Região: música, teatro, exposições,… que tal aceitar o desafio e ir assistir a algo absolutamente fora do que lhe é habitual? (sair da nossa zona de conforto deixa um friozinho no estômago que acaba por ampliar a nossa capacidade de olhar e ver).

Relembro os desafios-convite deixados aos nossos caríssimos leitores na última semana: ao final do dia escrever num papel (pode ser um caderninho, em modo diário de bordo) três coisas boas que aconteceram nesse dia e registar, para memória futura, as histórias e experiências vividas.

Quem sabe na próxima primavera nos reunimos à volta de uma mesa “O Despertar” a celebrar as “coisas” que alimentam a nossa fonte de Vitamina A, de Alegria.

Até já e… tertuliemos “coisas” boas!