“Sereno chega o Outono (…) [uma] frescura que chega atrevida (…)”, palavras de um poema de Catarina Canas a servirem de mote ao nosso tertuliar.
Celebramos a chegada do outono num dos nossos terraços panorâmicos, tendo por paisagem as serras da Estrela e Lousã e o Atlântico como horizonte; “as temperaturas, no entanto, mantêm-nos no verão!”, palavras de água fresca saboreadas num imenso abraço.
Se não fosse o facto do sol ter adiantado a hora de ir descansar (vamos mesmo ter de voltar ao Observatório Geofísico e Astronómico da UC, reaprender a olhar e referir estas e outras efemérides de um modo mais … científico!; já agora, caríssimos leitores!, vale a pena relembrar que o Observatório abre os seus portões a visitas) nem nos situávamos na estação em que acabamos de entrar…
Outubro chegou com a celebração do dia da água e da música, uma ligação umbilical que nos leva a uma conversa cruzada em modo “tempestade de ideias”: musicalidade da água, água fonte de vida, ritmo das marés, sonoridade das cascatas, som do oceano, natação sincronizada – a dança a aproximar-nos de vivências marinhas, quais sereias encantadas pelo colorido da imaginação –, água-pé, aguardente… em tempo de vindimas, de uvas na adega, de alambiques a proporcionar aromas intensos nas nossas paisagens, o Mapa do Tesouro Gustativo leva-nos a uma “bucha” merendeira que reúne à mesa salada de bacalhau desfiado (em molho de azeite e alho), broa, queijo, figos, omeleta, arroz-doce e um refresco vínico (“na verdade… é mais uma água com sabor”, alguém comenta num sorriso doce ao mesmo tempo que propõe um brinde à magia alquímica que a água e a música nos proporcionam ao longo da vida).
Tempo ainda para relembrar algumas das experiências singulares vivenciadas ao longo do mês de setembro e que resultaram do guião-convite que nos levou a descobrir novas paisagens: dos espetáculos proporcionados pela Rede Artéria aos Encontros Mágicos, passando pela Ópera no Património ou mesmo as propostas apresentadas (e a apresentar) no âmbito do projeto Coimbra Região de Cultura, (re)aprendemos a valorizar e viver um património singular identitário que cruza história, cultura, gastronomia, agricultura, ciência, tecnologia,…
Como cereja no topo do bolo (“carísssimos! nem o tempo é de cerejas, nem esta é a melhor altura para falar em bolos!”, comentário intercalado com um gesto furtivo de quem acabou de retirar um biscoito da lata) e a abrilhantar a nossa Paleta Gustativa a nomeação da Região de Coimbra (a par da República da Eslovénia) como Região Europeia da Gastronomia em 2021. O desafio/convite é simples: “arregaçar as mangas e juntos fazer acontecer”.
Tertuliemos!