Outubro, o mês que sempre nos chega com um convite irrecusável: celebrar a Água e a Música. É bom relembrar que esta dupla é sinónimo de… Vida. Há um pulsar que nos alimenta. Uma musicalidade que em nós circula, alimentada a… água. “A sustentabilidade habita em nós numa pauta musical” (ouvido por aí e assim registado).
Outono e outubro, uma dupla que se une nas adegas, as guardiãs de verdadeiras transformações alquímicas que mais à frente nos irão certamente deliciar em momentos de partilha à volta de uma mesa (lembremos as tibornadas, alambicadas, provas de vinho novo, …).
Outubro assinala o último trimestre do ano (como? 2020 já está à porta???) e o tesouro maior, que é o tempo que nos é dado viver, ganha um sentido de perenidade que nos convoca a assumir a Alegria que é estar por cá e a responsabilidade que temos, a 100%, em fazermos o nosso melhor e a “sermos felizes com aquilo que temos à mão” (Obrigada, Professora Manuela Grazina).
Outubro chega com novos sabores e aromas, assumindo-se como o mês dos recomeços e/ou novos começos: é o primeiro mês de aulas (há quem já tenha iniciado em setembro, mas não desde o primeiro dia!), o mês em que se estabelecem novas ou renovadas rotinas e descobrimos que não somos os únicos a reinventar o “guarda-roupa” (a verdade é que primavera, verão, outono e inverno se misturam nos dias, desafiando-nos a vivê-los a todos em 24 horas e a ser criativos na arte de acompanhar os seus ritmos e brincadeiras).
Outubro é um bom mês para caminhar (é sempre bom lembrar os benefícios de uma simples caminhada, passo mais ou menos lentificado, à medida do nosso conforto), convidando-nos a viver as novas tonalidades e aromas dos jardins e parques, a brincar e descobrir a alegria que é tornarmo-nos compositores de salpicos e saltitos (benditas poças e folhas secas!) ou a descobrir o baloiço-janela sobre o Mondego que nos oferece o Seminário Maior (há tesouros a redescobrir nesta cidade encantada). Todos os meses são excelentes para caminhar e o nosso outubro não foge a esta “regra de ouro”.
Outubro é… o mês do improviso! Lembrando que um bom improviso tem raízes sólidas, sinónimo de trabalho e… dedicação/tempo: será este um dos motivos para os Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra terem lugar em outubro? Cidade e região verdadeiramente musicais, também o 1.º Ciclo de Órgãos de Tubos tem o seu início em outubro (para além de sonoridades e património singulares, convida-nos a “testar” as iguarias associadas aos concelhos em que decorre).
Outubro é… o mês do palato (dióspiros, castanhas, marmelos, compotas, nabiças, feijão seco,…): a 2.ª edição do Mundo do Vinho convida-nos a descobrir múltiplas artes (cinema, fotografia, música, gastronomia,…) tendo por guião o néctar dos deuses; a XI Mostra de Doçaria Conventual e Regional convida-nos a descobrir um receituário singular que nos leva a abraçar novo desafio (sim!, vamos continuar a partir à descoberta das pessoas e territórios – o terroir – que dão contemporaneidade a todo este opíparo legado; continuamos a acreditar que visitar, estar disponível para aprender, querer conhecer “mais mundo” é valorizar e contribuir para a sustentabilidade dos territórios).
Outubro dá ainda início ao programa de comemorações dos 900 anos da Freguesia de Almedina (hoje integrada na União de Freguesias de Coimbra), com um ciclo de conferências que nos leva a (re)descobrir esta sénior freguesia urbana, guardiã de inúmeros tesouros e incluída no Bem classificado Património Mundial da UNESCO em 2013 (Universidade de Coimbra – Alta e Sofia).
Outubro e outono trazem-nos de regresso aos livros e às leituras partilhadas em modo tertuliar (o verão é tradicionalmente reconhecido como a época do ano para “pôr a leitura em dia”, mas a verdade é que as leituras e modos de ler estivais são… mais leves, mais “desconcentradas”; seja pelo imenso oceano que se nos oferece para retemperadores mergulhos, as gargalhadas e brincadeiras multigeracionais, os inúmeros programas que nos convidam a outras experiências imersivas, ou o simples prazer de nada fazer e simplesmente estar ou piquenicar). Outubro é igualmente o mês em que celebramos o aniversário de Agustina e vamos em busca dos caminhos e experiências que terá registado ao longo dos cinco anos em que viveu na nossa cidade: “a Coimbra dos doutores foi mais do que um episódio, foi um estágio para a vida”, Agustina Bessa-Luís.
Outubro convida-nos a experienciar uma imensa paleta de atividades culturais, para todos os gostos e feitios, ou a simplesmente assumir o dolce far niente da nossa latinidade, partilhando um lugar na esplanada, no sofá, no café ou no jardim a convite dos dias aprazíveis com que somos brindados.
O convite-desafio Tertuliar? Simples!: partilhe connosco um petisco e/ou memória associada (um parágrafo = fixar memória = cultura cidadã) e… tertuliemos!