Quando nasci, já era muito tarde
P’ra conhecer o poeta que há em mim.
Apesar do Destino, mesmo assim,
O lume que eu chorara ainda arde.
Limitei-me a viver, como um cobarde,
Almejando que Deus ditasse o Fim.
Aos abismos quisera dizer sim,
Fazendo disso o meu maior alarde.
Seja este o meu último soneto,
Que eu vim ao Mundo apenas só por vir,
Perdido nas centelhas do luar.
Não tenho abismos. Tenho cianeto.
Talvez não seja tarde p’ra sorrir,
A fim de me encontrar noutro Lugar!