Várias entidades do concelho de Soure estão a trabalhar na criação de um Observatório de Saúde Mental, mecanismo que deverá estar concluído em junho de 2019 e que tem como finalidade monitorizar e encaminhar todos os problemas sentidos no concelho na área da saúde mental.
Anunciada na semana passada, pela presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Soure, Manuela Santos, a criação deste Observatório resulta de um “trabalho muito forte” que a Comissão está a desenvolver desde 2016, numa parceria estreita com diversas estruturas de saúde locais e regionais, como a Câmara Municipal, juntas de freguesia, escolas, instituições e outros agentes que trabalham em torno desta problemática da saúde mental. “Pretendemos chegar a junho de 2019 e apresentar à comunidade o primeiro Observatório de Saúde Mental, uma experiência pioneira, que está a ser muito acarinhada e que tem como objetivo monitorizar, acompanhar e encaminhar”, sublinhou.
Considera que Soure está a “abrir caminho novo” nesta área, através de um projeto que aposta na prevenção e que deverá afirmar-se como “um instrumento fundamental para que a qualidade de vida das nossas crianças esteja salvaguardada”, através de um acompanhamento precoce. Manuela Santos realça que o objetivo “não é penalizar ou incriminar” mas antes “monitorizar e analisar as causas que condicionam a vida das famílias”, como situações de desemprego, capacidade financeira, violência doméstica, dependências, depressões ou outros problemas de saúde ou situações que “incapacitem os pais de acompanhar e dar as melhores respostas aos filhos” e que têm que ser ajudados, sendo esse o objetivo da Comissão e do futuro Observatório.
Este novo projeto surge na sequência do “Tecer a Prevenção”, projeto que foi desenvolvido em vários concelhos e que permitiu detetar os principais pilares de intervenção que, segundo Manuela Santos, são “problemas transversais em todo o país”. De acordo com o diagnóstico realizado no concelho de Soure, a violência doméstica, a parentalidade comprometida e o sucesso educativo são as “três principais problemáticas onde é necessário desenvolver ações”.
A CPCJ de Soure acompanhou 78 processos ao longo do último ano, tendo transitado para 2018 uma média de 40. Manuela Santos adianta que os dados apontam para uma subida este ano e dá conta que a problemática mais sentida no concelho é “claramente a questão da alienação parental”, que surge, muitas vezes, associada a outros problemas, muitos deles ligados a problemas de saúde mental.
O presidente da Câmara Municipal de Soure, Mário Jorge Nunes, enaltece o trabalho que a CPCJ de Soure tem vindo a desenvolver, num trabalho articulado com a autarquia e que tem permitido “ter um conhecimento muito mais profundo da realidade do concelho de Soure, conhecer melhor as pessoas, o porquê do seu comportamento e, perante isto, garantir-lhe o necessário acompanhamento”.