Esta artista fez parte do período brilhante da pintura em Coimbra, por volta dos anos 50 e 80 e picos do século XX.
Foi um regimento de nomes sonantes. Parte deles desaparecidos e que revolucionaram a arte e a cultura da cidade.
Toscano não perdeu o seu fio poético no desenho e retomou-o sempre, embriagada pela leveza dos seus pincéis que escorreram pequenas maravilhas na excelente bagagem da sua cultura versátil, ou de mil caminhos, na invulgar capacidade de desenhar, de retratar, num determinado estilo plástico, sem enfraquecimentos nesses anos todos que levou – e ainda leva – a pintar.
Em sua casa organizou tertúlias frequentadas por artistas plásticos, escritores, gente da ciência, médicos ou advogados, que foram famosos.
Nós homens dos jornais e desta vida multivária carregada de stress, é com alegria que reencontramos esta grande artista na exemplaridade da criação, no aprofundamento da “sua verdade”, pintando ainda, situada no seu vasto currículo onde a figura se encontra dentro do próprio homem, como o desenho magistral carregasse mil angústias do nosso dia a dia ou a frágil esperança no nosso porvir.
Toscano continua reveladora e inovadora na nossa pintura. Nada permanece na sua pintura acessório. É ela na sua arte. Não é fotógrafa da natureza e nem se apoia em meros epígonos do corcomido naturalismo. Parte de dentro para fora como o demonstrou nos seus quadros que pintou por encomenda numa altura que Helena Toscano devido ao seu estado de saúde débil resolveu retirar-se da atividade incessante a conselho médico.
E numa altura recente que desapareceram da nossa praça, da nossa cidade, Vítor Ramos, Pedro Olaio (Filho), Zé Penicheiro, Cunha Rocha, Vítor Matias, Tesha, Vasco Berardo, José Berardo, Adriano Costa, Norberto Guimarães, Graça da Silva, Vitória Cunha, Pinho Dinis, embarcaram para a grande viagem surgiram as talentosas Alda Belo que ainda comunga com o esplendor das artes plásticas num fim dum ciclo e a irrequieta Rosa Maria e Tchum Nuhu Lien em trabalhos de enorme merecimento.
Este jornal apoiou os nossos artistas e divulgou em crónicas, prefácios, brochuras, catálogos, palestras os seus feitos e promoveu a sua ida lá fora.
Por isso escrever de um período brilhante da maioria dos nossos pintores, evocá-los agora, é sempre um sentimento de gratidão.
E Helena Toscano bem merece que sempre assistiu aos livros publicados sobre os nossos pintores em sessões de relativo brilho!
Apareceram com merecimento Leonor Correia, Daniela Pinto e uma jornada onde se destaca Laura Silveira, Isabel Jacob e Maria Cristina…
A fonte não secou!