Apaixonar-me e viver apaixonadamente. Rir até me doer a barriga. Andar de bicicleta e tomar duches bem quentinhos no final. Ir ao supermercado e passar por caixas lentas. Tocar a música que gosto de ouvir e ouvir a música que gosto de tocar. Ler os livros que queria ter escrito. Dançar como se estivesse no palco. Escutar o som da chuva e carregar as minhas baterias com os raios de sol. Tomar meias de leite muito clarinhas. Fazer e receber telefonemas. Viajar para as minhas cidades. Ter sonhos lindos que alimentam a minha memória. Usar as minhas sapatilhas vermelhas. Lançar ao cesto e marcar triplos. Terminar a carga de muitas canetinhas japonesas. Dar a mão a quem me dá a vida. Brincar como se fosse criança. Caminhar pelas lindas ruas dos meus sítios. Encontrar velhos conhecidos nos nossos lugares. Sujar as mãos com o papel dos jornais. Ter a rádio como alimento. Desenhar os meus dias. Criar espeço não apenas para trabalhar, mas também para brincar, para pensar e para sonhar. Comer fruta das árvores e dar milho às galinhas. Ver amanhecer e fotografar o pôr do sol. Dar presentes e ser presente. Acordar, confirmar que o sol ainda não nasceu e virar-me para o outro lado. Comer ovos mexidos com broa. Devorar bolo às riscas e sublinhar a palavra saudade. Pintar os meus dias com lápis de cor. Ver o mar na praia da Clarinha. Escutar, com um sorriso no coração, quem fala bem de mim. Ter esperança de não perder a esperança. Agradecer o privilégio que é envelhecer. Adubar o verbo ser. Gastar a palavra obrigada. Esgotar a palavra esperança. Tudo isto será… saborear 2024!