Levar uma mensagem de esperança, inspirar quem acredita na vida e demonstrar que um diagnóstico, por mais temível que seja, não representa um fim é o grande desejo de Gabriela Fonseca, em “Hora de Mudança” programa que estreou, na semana passada, na Rádio Regional do Centro (96.2 FM).
“Hora de Mudança” vai para o ar todas as quintas feiras, entre as 19h00 e as 20h00, e dá voz a esta jovem da Guarda que cedo descobriu que o rumo e as prioridades da vida podem mudar de repente. Com uma infância feliz, Gabriela Fonseca sempre alimentou a paixão pela escrita, tendo lançado um livro, “A identidade da razão”, quando tinha apenas 18 anos. Apesar de ter entrado no curso de Direito, no Porto, cedo percebeu que o seu caminho passava pela área da comunicação, mudando-se por isso para Aveiro. Depois do curso e do estágio concluíds, chega aos 25 anos já com um emprego, um namorado e mesmo um cão. É então que a sua vida sofre uma reviravolta, quando lhe é diagnosticado um linfoma de burkitt, um dos mais agressivos e no estágio 4 A (o último). Esse foi o seu “Dia de Mudança”.
É a sua história, determinação e atitude positiva perante a vida e perante a doença que vai inspirar agora esta “Hora de Mudança”, um programa que surge como uma mensagem de esperança para todos os doentes com cancro e respetivos familiares, demonstrando que é preciso acreditar para vencer e que, ao contrário do que muitas vezes se pensa, o diagnóstico de um cancro não significa um fim.
“A linha condutora do programa é o cancro e dentro disso irão ser falados vários temas tabu”, explica Gabriela Fonseca. Adianta que “cada programa é diferente” e contará, em alguns, com convidados ligados à oncologia. Espera que seja um programa “surpreendente” e acredita que tem tudo para ser “uma boa ‘hora de mudança’, não só para quem atravessa um cancro, mas para quem acredita”.
“A mudança é a inspiração, é acreditares que o melhor está realmente para vir”, realça, recordando que o seu mundo caiu quando recebeu o diagnóstico que lhe mudaria a vida. “Senti que todos os meus sonhos ruíram ali, tudo aquilo em que acreditava caiu. Eu não sabia o que era um linfoma, mas sabia que era mau”, recorda.
Depois de alguns dias de revolta e do primeiro impacto com o preconceito e com os olhares (in)discretos da sociedade quando teve de ir a um cabeleireiro cortar o cabelo, Gabriela seguiu para os tratamentos de fertilidade para garantir que, no futuro, pudesse ter filhos. E foi poucos dias depois de saber que tinha a doença, que lhe chegou a primeira luz ao fundo do túnel, quando uma ex-doente oncológica, Marta, perante as suas lágrimas, a confortou, contando-lhe a sua experiência e dando-lhe esperança com a sua própria história de sobrevivência, sete anos depois de lhe ter sido diagnosticado também um linfoma. “Foi aquela pessoa que me fez voltar a acreditar que se calhar eu não ia morrer porque é um exemplo vivo, que está à tua frente e diz ‘estou aqui’”, realça Gabriela.
Depois de quatro tratamentos e depois de fazer a PET (Tomografia por emissão de positrões), em outubro de 2016, Gabriela Fonseca descobre que está limpa mas tem que continuar com a quimioterapia até ao fim. É nessa altura, ainda com os tratamentos a decorrer, que se lança na blogosfera com o “Dia de Mudança”.
Foi a vontade de ajudar os outros a sofrer menos do que ela, de ser “a Marta na vida de outras pessoas”, que a levou a criar o seu “canto” na Internet e a abrir-se, ao mundo, também através das redes sociais. Desta forma, procurou levar uma mensagem de esperança e mostrar que todos têm o seu “dia de mudança”. A sua mensagem dirige-se a todo o público, mas é mais lida e comentada por doentes e ex-doentes oncológicos, contando com mais de 26.000 seguidores nas redes sociais. É também esta mensagem de esperança que traz agora à Rádio Regional do Centro, com esta “Hora de Mudança.