Com a chegada do mês de agosto o país envolve-se numa rotina diferente. Se muitos dos emigrantes regressam às suas terras, muitos dos que por cá estão procuram deixá-las por umas semanas. Há quem deseje galgar fronteiras, outros seguir para o Litoral do país, desfrutando das praias e do mar imenso que lava a nossa costa de norte a sul, depois há aqueles que se ficam pela linha do Interior, regiões que saúdam com a sua tranquilidade natural e social, localidades com tanto para deslumbrar e desfrutar que nos últimos tempos têm felizmente crescido como destino considerado por muitos portugueses.
Entre vilas e aldeias, em qualquer visita se procura sempre o centro histórico e os principais locais de interesse, obras do património ou obras da natureza. Há sempre locais que ficam parcialmente fora dos roteiros turísticos, sítios por vezes recônditos que chega mesmo a ser pena não os visitar, nem que seja numa passagem por breves instantes.
A região Centro do país tem muitos destes lugares que causam certo enlevo a quem os descobre. A região de Coimbra concretamente pode ser a prova deste “desperdício” de fascínios que não se encontram facilmente.
Destaque ao acaso por esses montes e vales onde podemos encontrar nas franjas da Serra do Sicó o planalto da Senhora do Círculo, no município de Condeixa. Local onde as vistas se prolongam até aos campos do Mondego, às serras do Buçaco e do Caramulo, aos penhascos da Estrela e até mesmo as areias da costa se conseguem daqui avistar em dias totalmente límpidos. O mesmo cenário se pode gozar a partir do alto da Serra de Semide, dos varandins do Senhor da Serra. Aqui pode o visitante avistar tudo o que é serras, a cidade de Coimbra, o Baixo Mondego e um pedaço do mar, desde este que é um dos mais belos mirantes de toda a Beira. Rumando ao nascente numa descoberta que se faz para muitos pela primeira vez, subindo a serra de Miranda descobrirá o visitante um local onde apenas a natureza se expressa entre as pedras seculares e históricas do santuário de Nossa Senhora da Piedade de Tábuas. Passear pelos trilhos deste lugar é naufragar num vale imenso que se abre junto à vila de Miranda do Corvo. Quem já ouviu falar do São João do Deserto, no píncaro da serra do Espinhal não deixe de subir até lá como quem sobe a um verdadeiro calvário. Local ermo, mas tão pitoresco assim como a paisagem que dali se alcança. Poderia ainda referir o alto de Santo Amaro na freguesia de Assafarge bem próximo da Lusa Atenas ou estender caminho à Senhora da Estrela escondida nas escarpas do Sicó, na Redinha, já na raia do distrito.
Todos estes locais são pérolas do património e da religiosidade popular, cenários de seculares romarias, ora não gostasse o povo português de coroar os montes com ermidas onde pudessem entre crenças e lendas venerar, festejar, descansar.
Na verdade são locais por vezes desprezados pelas próprias autarquias, no entanto muito valorizados pelo povo das terras onde se inserem. Já os jornais regionais do século XIX mencionavam a urgente integração de alguns destes locais nos roteiros turísticos das regiões, salientando como único problema as estradas e caminhos.
Um passeio em família, levar a merenda e ali lanchar, usufruindo da paisagem e da tranquilidade, ou então rumar como romeiro, na data das romarias ou fora destas, a estes que são apenas alguns locais de exemplo, entres tantos lugares prodigiosos que por aí permanecem esquecidos ou desconhecidos.