Muito se diz que “rir é o melhor remédio” e não é por acaso. A verdade é que rir é bom, mas rir sem motivo pode ser ainda melhor. Assim o confirma Joanne Helms, mais conhecida por “Ana Banana”, fundadora do Yoga do Riso em Portugal.
Bianca de Matos
Espanhola de ascendência inglesa, Joanne, de 52 anos, a residir na aldeia de Framilo, em Vila Nova de Poiares há cerca de 25, onde também criou a Escola do Riso, onde tudo acontece “a rir”. Trabalhou muitos anos em companhias de circo e na Associação Nariz Vermelho – Palhaços para Crianças Hospitalizadas. Fazer rir sempre fez parte da sua vida, da sua rotina diária. E foi aí que descobriu o Yoga do Riso e que há perto de 20 anos espalha “catástrofes de risos” pelo país, tendo já formado mais de mil pessoas que viram no riso uma forma de levar e viver a vida.
A primeira cobaia foi mesmo ela própria. “Desde os quatro anos que trabalhava no circo e desenvolvi um problema de articulações e tinha dificuldades em movimentar-me. O médico que inventou o Yoga do Riso, Madan Kataria, diz que o riso é mesmo o melhor remédio e que faz milagres, e faz mesmo. Há muitos testemunhos à volta do mundo de curas milagrosas ‘às gargalhadas’, começou por partilhar Joanne que recebeu “O Despertar” e abriu “as portas” do jardim da sua casa para uma conversa simpática.
Segundo Joanne, o Yoga do Riso resolveu o seu problema de saúde. “Achei que valia a pena experimentar, já que tinha dedicado a vida a fazer rir. Se o riso me curasse seria muito poético e a verdade é que curou”.
Quando percebeu a “magia” de umas boas gargalhas, começou a partilhá-la com todas as pessoas e a convidá-las para fazer Yoga do Riso. Foi na Lousã que tudo se “riu”.
“Foi no Parque Carlos Reis, com um cartaz a dizer ‘venham fazer Yoga do Riso’ e as pessoas ao início acharam muito louco. Mas depois começaram a aderir e criei o meu primeiro clube de Yoga do Riso, em Coimbra, num espaço junto às monumentais”, contou.
Um pequeno espaço onde as pessoas se iam rir que acabou por se espalhar pelo país inteiro e quer perdura há perto de duas décadas.
Mas o que é o Yoga do Riso?
Simplesmente “rir, porque sim”. O riso não tem de estar relacionado com o humor, com o contar ou ouvir uma piada ou assistir a um filme de comédia.
“É uma forma de nos divertirmos e de contribuir para um mundo melhor. É não pensar se estamos a rir ou não de verdade, é só rir”, disse Joanne.
Seja para crianças, adultos, idosos. Enfim, para todas as idades. Não há mesmo limite para o riso e para uma boa sessão de gargalhadas. Cada uma “diferente e única”, descreve. E os benefícios? “Ah, são muitos e muitos”, afirma.
“Há muitas formas de utilizar o Yoga do Riso. Quer a nível profissional, para nos relacionarmos com os nossos colegas, além de potenciar a criatividade e a sermos mais dinâmicos. Ou na saúde, pois quando estamos a fazer Yoga do Riso, estamos a fortalecer o coração, o sistema imunológico, a bombar o sistema linfático, a libertar toxinas, ficamos mais alegres, libertamo-nos da tristeza, da ansiedade e é uma excelente maneira de prevenir e curar a doença”, partilhou, ao afirmar que “é mesmo uma forma de descarregar tudo e colocam cá para fora os dramas, as dores, as mágoas”.
E a forma como se faz parece mesmo ser simples e contagiante. “É só inspirar, encher os pulmões de ar e rir. Não precisas de rir de verdade, pois o cérebro não faz essa distinção e recebes na mesma todos os benefícios”, explicou, entre risos.
O riso, acrescenta, “promove e abre a porta para o genuíno”. “Todos nós temos dor na alma e coisas ruins que nos acontecem ao longo da vida e podemos usar o riso como uma forma de olhar para essas situações”, salientou.
As sessões cheias de gargalhadas
Tudo começa com uma simples introdução sobre os benefícios do riso. A sessão continua com alongamentos, exercícios de respiração vindos do Yoga e de simulação do som da gargalhada: a gargalhada do macaco, a gargalhada da pulga, a gargalhada do “passou-bem”, entre outras. Por vezes inclui-se jogos, dança, percussão, adereços, tudo aquilo que se possa imaginar.
“Hoje vamos rir para atrair a prosperidade”, entoava como exemplo. “Com o Yoga do Riso vamos “brincar” hoje que temos tudo aquilo que queremos e desejamos. Imaginamos cenários e rimos. Seja num carro “chiquérrimo” ou a viajar para o Brasil e a beber uma ‘caipirinha da gargalhada’”, exemplificou com umas gargalhadas pelo meio.
Inicialmente, os participantes só precisam de emitir o som do riso, mas gradual e espontaneamente, o riso natural começa a fluir. Depois o contágio “é inevitável” até ao ponto de chegar em conjunto à gargalhada coletiva.
“Quase incapazes de continuar de pé, as pessoas sentam-se ou deitam-se para despejarem até ao fim as gargalhadas, lágrimas, traumas, bloqueios e energias negativas, tudo o que quiserem”, continuou.
Com uma música “suave e embaladora”, o grupo relaxa e sente no corpo o efeito transformador deste maravilhoso método, seguindo – se o momento de partilhar o que se sentiu ao longo da sessão para depois terminar com uma meditação pela paz em tudo o mundo, “em que imaginamos todo o mundo a rir, porque esse é o objetivo. Somos uma família internacional com a missão da paz mundial às gargalhadas”.
“O riso serve para superar todos os desafios que a vida nos atira”, riu Joanne Helms ou Ana Banana, ao partilhar que a sua paixão é potenciar “a qualidade de vida das pessoas, quero que superem os seus desafios, que riam muito e encararem a vida a rir”.